Quanto mais tempo você estiver no ministério pastoral, mais você vai passar de ser um astronauta para ser um arqueólogo. Quando você é jovem, você está decolando para mundos desconhecidos. Você tem todas as principais decisões de vida e ministério diante de você, e pode passar a maior parte do tempo avaliando seu potencial e considerando oportunidades. É um tempo de explorar e descobrir. É um tempo de ir onde você nunca esteve antes e fazer coisas que você nunca fez. É um tempo de começar a usar o seu treinamento e ganhar experiência.
Mas, à medida que você fica mais velho
no ministério, você começa a olhar mais para trás do que para frente. E, enquanto
você olha para trás, existe a tendência de desenterrar o monte da civilização que
eram sua vida e seu ministério no passado, procurando por vestígios de cerâmica em pensamentos, desejos, escolhas, ações, palavras, decisões e relacionamentos.
Você não consegue deixar de avaliar como você se saiu com o que lhe foi dado.
Agora, quem seria tão arrogante e audacioso
ao ponto de olhar para trás em sua própria vida e ministério e dizer: “De todas
as maneiras possíveis eu fui tão bom quanto era possível sê-lo”? Não
seguraríamos todos alguns desses vestígios de cerâmica em nossas mãos e
experimentaríamos, no mínimo, um pouco de arrependimento? Não desejaríamos
todos que fosse possível apagar palavras que dissemos, decisões que fizemos, ou
ações que tomamos?
Se você e eu estivermos dispostos a
olhar humildemente e honestamete para nossas vidas, nós seremos forçados a
concluir que somos seres humanos com defeitos. E, mesmo assim, não precisamos espancar-nos
a nós mesmos. Não precisamos trabalhar para minimizar ou negar nossas falhas.
Não precisamos ser defensivos quando nossas fraquezas são reveladas. Não temos
que reescrever nossas histórias para parecermos “melhor na foto”
do que aquilo que realmente fomos. Nós não temos que ficar paralisados pelo
remorso e pelo arrependimento. Nós não temos que nos distrair com negócios ou
nos drogarmos com substâncias.
Não é maravilhoso que todos podemos olhar
para nossas falhas mais profundas e escuras e, ainda, não ter medo? Não é
confortante que nós podemos encarar francamente os momentos dos quais nós mais nos arrependemos e não ficarmos devastados? Não é maravilhoso que nós podemos
confessar que somos realmente pecadores, e não nos enchermos de medo ou cairmos
em depressão?
Podemos fazer todas essas coisas
porque, como Davi, nós temos aprendido que nossa esperança de vida não está na
pureza de nosso caráter ou na perfeição de nossa performance. Nós podemos
encarar o fato de que somos pecadores e descansar porque nós sabemos que Deus realmente
existe e que ele é um Deus de:
Misericórdia,
Amor inabalável,
Porque Ele é, há esperança – esperança
de perdão e
Novos começos.
Sim, nós realmente podemos reconhecer
integralmente nosso pecado e nossas falhas e, ainda, não temer.
Artigo de Paul Tripp - professor de vida e
cuidado pastorais no Redeemer Seminário, em Dallas, Texas. É também diretor
executivo no Centro para Vida e Cuidado Pastorais em Fort Worth, Texas. Ver texto original em: http://thegospelcoalition.org/blogs/tgc/2012/04/30/regretful-but-not-devastated/