Solteiros ou
casados fazem melhores pastores? O debate não é nada novo, ainda que tenha sido
revigorado nos últimos anos. Historicamente, os homens solteiros predominavam.
Ultimamente, o pêndulo escorregou para o outro lado, e alguns ainda sugerem que
os solteiros não deveriam servir como pastores. Eu já tinha escrito em defesa
dos solteiros no papel pastoral. Quando eu escrevi o artigo, eu tinha servido
como pastor solteiro por 19 anos – 14 como pastor sênior.
Três anos atrás,
algo especial e maravilhoso aconteceu comigo – eu me juntei ao time dos
pastores casados. O lindo tsunami de ser pai recentemente também veio ao
encontro de meu ministério pastoral. Através disso tudo eu tenho visto as vantagens
e as lutas de pastorear tanto como um homem solteiro quanto casado.
Eu não deveria
ficar surpreso, mas minha experiência segue a análise que Paulo deu à questão
de casamento e ministério em I Coríntios
7: "Gostaria de vê-los livres de preocupações. O homem que não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, em como agradar ao Senhor. Mas o homem casado preocupa-se com as coisas deste mundo em como agradar sua mulher, e está dividido. Tanto a mulher não casada como a virgem preocupam-se com as coisas do Senhor, para serem santas no corpo e no espírito. Mas a casada preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar seu marido. Estou dizendo isso para o próprio bem de vocês; não para lhes impor restrições, mas para que vocês possam viver da maneira correta, em plena cosagração ao Senhor". 1 Co 7:32-35
Ambos os lados
do debate sobre se homens solteiros deveriam ser pastores citam a famosa
passagem. Ainda, Paulo não está defendendo um ou outro lado como certo ou
errado. Ao invés disso, ele está dando um conselho apostólico sábio acerca de
como o estado marital afeta a vida e a experiência ministerial. Permita-me
apresentar os pontos relevantes em I Coríntios 7 entrelaçados com minha
experiência. Esta lista certamente não é exaustiva, e os comentários sobre este
artigo provavelmente incluirão muitas outras considerações dignas.
As
Vantagens de ser Solteiro no Ministério
1.
Tempo
Quando meus
interesses estão divididos, então meu tempo também está. Relacionamentos exigem
tempo. Em meus anos de solteiro, Eu tinha uma quantidade enorme de tempo para
usar com as pessoas, projetos, preparação de sermão, oração, e semanalmente com
emergências e surpresas. Eu amava ser pastor, e a quantidade de tempo que eu
podia colocar no ministério pastoral teria sido negligência pecaminosa da
família para um pastor casado. Como exemplo, durantes meus anos de solteiro, eu
gastava uma, duas, ou três noites por semana na casa de membros da igreja. Eu
frequentemente tinha pessoas e grupos na minha casa, vez que estava sempre
disponível. Agora que estou casado, essas atividades diminuíram por
necessidade.
Pastor casado,
você não conheceria melhor seu rebanho se gastasse centenas de noites nas casas
deles e eles na sua? Pense em quanto bem um pastor poderia fazer se, de
repente, o tempo gasto com o casamento e com os filhos fosse colocado na
igreja. Este sermão está um pouco melhor? Esta exposição está mais completa? O
pastor está um pouco mais presente nos momentos críticos da vida das pessoas?
Os presbíteros e a equipe ganham um pouco mais de atenção pessoal?
2.
Energia
Relacionamentos
demandam energia. Casamento demanda energia. Nós todos temos um suprimento
limitado. Nos meus anos de solteiro, parecia que eu tinha energia quase sem
limites. Claro, meu anos de solteiro foram também meus anos de mais juventude.
Ainda, minha esposa e filho exigem energia e esforço. Eu dormia mais e melhor
como solteiro. Malhar era mais fácil de encaixar no horário. Havia menos
expectativa e tarefas domésticas.
Billy Graham
reconhece essa diferença em uma carta ao seu amigo de vida John Stott. Ele
disse, “Obrigado por sua carta de novembro. Apenas lê-la me deixou exausto!
Como você faz isso, meu amigo? Se você tivesse uma esposa, cinco filhos, cinco
noras e genros e 15 netos, seria muito mais difícil. Por favor, perdoe-me se eu
não for capaz de acompanhar seu ritmo!”
3.
Foco
Paulo escreve
em I Coríntios 7 que homens casados inevitavelmente “estão preocupados com as
coisas do mundo”, mas os não casados são “livres das preocupações”. Minha
experiência nas duas categorias definitivamente afirma esse ensinamento.
Naqueles 20 anos de pastorado solteiro, meus pensamentos estavam
substancialmente focados na igreja. Eu pensava sobre as questões do ministério
constantemente.
Minha mente
andava naturalmente com as soluções de problemas, criatividade, oração,
preparação de sermões, e assim por diante. Aqueles pensamentos produziram
visão, ensino e outros auxílios impensáveis que deram grande assistência à
minha igreja.
O pastor casado
tem muito mais a pensar a respeito de coisas de fora do ministério. Ele precisa
pensar sobre sua esposa e as necessidades dela, seus filhos, se os tem,
cuidados domésticos, problemas de saúde na família, resolução de conflitos, e as
idas e vindas da vida familiar. É
simplesmente impossível para o pastor casado encontrar o mesmo foco mental e
espiritual no ministério da igreja como são capazes de fazê-lo os pastores
solteiros. Quem colhe os benefícios? É a igreja local.
As
vantagens do Casamento no Ministério
As vantagens de
ser solteiro não diminuem as vantagens do casamento, nem vice-versa. Aqui não
temos um jogo de soma-zero. Paulo também chama casamento de dom, que também
concede vantagens reais no ministério.
1.
Maturidade, Amor e Crescimento Espiritual
Eu começo com
essa vantagem, porque é o mais importante pronunciado. Casamento cria momentos
diários e tensões que mudam o homem. Ele não pode ser como ele era. Um homem
não irá durar muito no ministério ou no casamento se ele não crescer em seu
desejo e habilidade de agradar sua esposa. (I Co 7.33). Essa é a alegria do amor. Os altos do
casamento são maiores que qualquer coisa que eu tenha experimentado na minha
vida de solteiro. Ainda, eu sou constantemente desafiado e confrontado com as
exigências do casamento de morrer para si mesmo. Quando você é solteiro, você
lê o ensino e pensa: “claro, eu entendi... sem problema”. Então o casamento
coloca o dedo no seu próprio egoísmo e, ao menos para mim, não é bonito. O cenário traz mudanças, crescimento espiritual,
maturidade, e um exército de outras qualidades pastorais úteis. Aqui o casamento
faz o que nenhum seminário pode fazer.
Se é um marido de
valor, ele aprende a se preocupar primeiramente com as necessidades de sua
esposa. Essa é a essência do amor e a marca do ministério de entrega.
Casamento é um forno. O homem vai para o
casamento feito de um arranjo de material, mas o calor e a pressão o mudam. O
forno força a produção de qualidades que fazem não somente melhores maridos,
mas também melhores líderes-servos.
Quanto melhor o marido, melhor o pastor, pois pastorear na essência é
liderar e amar como servo.
2.
Desejo Sexual
Nossa cultura
ocidental sexualizada relembra tanto a antiga Corinto que a carta de Paulo aos
Coríntios torna-se hoje muito relevante. Pelo capítulo 7 de I Coríntios, desejo
sexual é um fator importante nos argumento de Paulo para o propósito de
casamento. Sexo no casamento é um direito mútuo e uma arma na luta contra a
tentação sexual. Essa é, no mínimo, uma consideração quando se decide trocar o
dom do celibato pelo dom do casamento. A liberdade sexual do casamento é de
grande auxílio na luta por pureza, à medida que provê um cenário de santidade
para o desejo sexual.
No ministério,
solteiros são jogados em um estereótipo silencioso. Você pode ser visto com uma
pessoa que ou não tem desejo sexual normal ou possivelmente desejos errados.
Presume-se que o solteiro no ministério provavelmente tem algum problema com a
sexualidade, porque pessoas normais casam para lidar com isso. Nessa
perspectiva, um pastor solteiro é uma bomba-relógio, e é somente uma questão de
tempo antes de ele ceder.
É mesmo? Deus
não concede a graça que precisamos, inclusive em relação aos desejos sexuais?
Lidar com desejos sexuais é uma questão do coração, e uma cerimônia de
casamento não muda esse desafio. Existem muitos e muitos solteiros piedosos no
ministério que estão honrando Deus com seus corpos. Eles têm desejos sexuais
como qualquer ser humano saudável, mas são pacientes em esperar pelo contexto
correto para expressá-los. Um pastor casado é abençoado por ter um lugar são
para ir quando lida com os desejos sexuais.
Casamento não garante pureza, mas maravilhosamente dá provisão para ela.
3.
Amplitude Emocional e Empatia
O ministério
pastoral trabalha com os pontos difíceis da vida, geralmente relacionados a
casamento e criação de filhos. Enquanto a suficiência das Escrituras ensina que
um pastor solteiro pode aplicar adequadamente a Palavra de Deus para toda a
vida, ele pode ainda lutar com sabedoria que provém de experiência e empatia
nessas categorias. Eu fui abençoado de suprir esse vácuo com colegas que eram
melhores em ministrar com essas necessidades especiais do que minha situação de
vida permitia. As alegrias e tristezas do casamento dão uma profundidade
emocional e amplitude que as pessoas instintivamente sentem e podem associar. A
vida de solteiro tem suas dores emocionais únicas, que Deus pode e irá usar;
elas simplesmente são mais estreitas e
específicas. O pastor casado tem uma experiência emocional mais larga da
humanidade e suas complexidades relacionais.
Sou feliz por
ser casado. E foi uma alegria servir a igreja como um homem solteiro. Muito
frequentemente este debate nos força a
escolher um dos lados. Mas a Bíblia não os hierarquiza: honra ambos os lados. A
Igreja deveria fazer o mesmo. Como um homem que agora viveu nos dois mundos, eu
clamo às igrejas e comissões de busca que avaliem homens para o ministério
pastoral baseados em seu caráter, dons e maturidade, não em seu estado civil.
Nós podemos
louvar a Deus por como ele poderosamente usa solteiros no ministério para fazer
o que os homens e mulheres casados não podem. E nós podemos apreciar e agradecer
profundamente pela maneira que Deus usa o casamento para refinar e amadurecer o homem
enquanto ele pastoreia sua família e seu rebanho.
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Steve DeWitt serve como Pastor
Sênior da Igreja Bethel, em Crown Point, Indiana. Ele é blogueiro no It`s all About Him e autor de Olhos bem Abertos: Apreciando Deus em Tudo.