Fé, nas Escrituras, é tratada sob o emblema de todos os sentidos. É visão: “Olhe para mim e serás salvo”. É audição: “Ouça, e tua alma viverá”. É olfato: “Todas as tuas vestes cheiram a mirra, aloés e cássia”; “Suave é o aroma dos teus unguentos, como o unguento derramado é o teu nome”. Fé é tato espiritual. Por esta fé a mulher veio por de trás e tocou as vestiduras de Cristo, e por esta fé nós manuseamos as coisas da boa palavra da vida. Fé é, igualmente, o paladar do espírito. “Quão doces são tuas palavras ao meu paladar! Sim, mais doce que mel em meus lábios”. “Se não comerdes da minha carne,” diz Cristo, “e beber do meu sangue, não tereis vida em vós mesmos”.
Este “paladar” é a fé em uma de suas mais altas operações. Uma das primeiras performances da fé é a “audição”. Nós ouvimos a voz de Deus, não com os ouvidos externos somente, mas com nossos ouvidos internos; nós a ouvimos como Palavra de Deus, e acreditamos nela; essa é a "audição" da fé. Então nossa mente olha para a verdade como nos é apresentada; pode-se dizer que nós entendemos, nós percebemos seu significado; essa é a “visão”. Próximo, nós encontramos sua preciosidade; nós começamos a admirá-la, e descobrimos sua fragrância; essa é a fé em seu “olfato”. Então, nos apropriamos das misericórdias que são preparadas para nós em Cristo; esta é a fé em seu “tato”. Assim segue a alegria, a paz, o prazer e a comunhão; que são fé em seu “paladar”. Qualquer um desses atos de fé traz salvação. Ouvir a voz de Cristo como a certa voz de Deus na alma irá nos salvar; mas o que dá verdadeiro gozo no aspecto da fé em Cristo é o gosto santo produzido pela compreensão interna e espiritual da doçura e preciosidade de sua Palavra, feita para ser alimento de nossas almas . É então que sentamos “debaixo da sombra com grande prazer”, e encontramos seu doce fruto em nosso paladar.
Devocional Matutina de 25 de agosto, por Charles Spurgeon.