Amor: expressão maior do caráter de Cristo e base de nossa santidade

Texto base: 1ª João 4:7-21 e 5:1-3

Nós amamos porque ele nos amou primeiro. I Jo 4: 19

...

O maior objetivo de um Cristão é desenvolver em sua vida o caráter de Cristo. Todo o homem transformado por Deus deve, então, carregar em si a marca do amor, pois esta é a expressão maior da pessoa de nosso redentor. O verso em destaque nos mostra que tornamo-nos capazes de amar quando somos amados por Deus. Por isso, é impossível que o crente em Jesus não tenha em si esse amor. Falar de um cristão sem amor é como falar de um pássaro sem asas. Não há pássaro sem asas, não há cristão sem amor.

O amor de Deus é, assim, uma marca intrínseca da nova natureza do homem regenerado. É também a base de nossa santidade, o que nos torna semelhantes a Jesus.

Quando João nos aponta que Deus é amor (4:16), ele não está apenas dizendo que Deus ama, tem amor, ou que ele é amoroso, mas está dizendo que Deus é amor. É um atributo de Deus; faz parte de Sua natureza.

Jesus é a expressão exata desse amor, que não pode ser compreendido pelo ser humano fora da pessoa de Cristo. “Ele [Jesus], que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hebreus 5:13). Ao comentar esse versículo, Calvino escreve:

... Deus não nos é revelado de outra maneira senão em Cristo. O fulgor da substância de Deus é tão forte que fere nossos olhos, até que ela se nos projete na Pessoa de Cristo. Segue-se disso que somos cegos para a luz de Deus, a menos que ela nos ilumine em Cristo... devemos ter similar entendimento dessa imagem: Deus, em si e por si mesmo, nos será incompreensível, até que sua forma nos seja revelada no Filho.

João 3:16 nos diz que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Em João 15:13, Jesus afirma: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”. Vemos aí o Pai, que dá o Filho por amor ao mundo, e o Filho, que dá a sua própria vida por amor dos seus amigos. Nisso temos a amor de Deus se tornando compreensível ao homem através de Cristo.

Na primeira carta do apóstolo, também lemos que “nós amamos porque ele nos amou primeiro”. João está deixando claro que não poderíamos esboçar amor a Deus sem que antes seu amor tivesse sido direcionado e efetivo em nós. De igual modo, esse verso nos mostra que o amor na vida do cristão é fruto da regeneração. Regeneração é o ato inicial de salvação em que Deus faz nascer de novo o pecador perdido, dele fazendo uma nova criatura em Cristo. É a execução do que Jesus se refere quando diz: “Importa-vos nascer de novo”. Podemos dizer que o nascimento físico nos introduz a este mundo, e a regeneração nos introduz no reino espiritual e eterno. Assim, não somos capazes de amar antes de sermos transformados pelo amor de Deus, antes de sermos feitos novas criaturas, antes de sermos regenerados.

Aqui chegamos ao ponto de que o amor é a marca intrínseca da nova natureza do homem regenerado, pois todo crente o recebe de Deus. Não se pode ser cristão sem amar. Dizer que um cristão não ama é como dizer que um peixe não nada, ou que aves não voam.

Um cristão sem o amor de Deus seria como uma bola quadrada... simplesmente, não seria uma bola. Poderia ser muitas coisas: um dado, um cubo, uma caixa fechada – mas nunca uma bola. Uma bola é bola porque é redonda e rola. Se não rola, não é bola. Se um suposto cristão não tem o amor de Deus, não ama verdadeiramente e não pode ser cristão.

Destacamos que o amor de Deus em nossas vidas é evidenciado tanto em relacionamentos como na obediência. Essa seqüência de versos fala por si só: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (4:20); “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos” (5:2); e “Este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos” (5:3).

Mais uma vez, apontamos para o que temos repetido durante nossos estudos acerca de santidade: aquele que é salvo demonstra evidências claras de uma obra transformadora em sua vida. Não estamos falando de salvação pelas obras, mas estamos dizendo que as obras seguem o processo de salvação. O amor, por sua vez, é o primeiro fruto de arrependimento e principal amostra de mudança de vida. João enfatiza isso no capítulo 2 de sua carta: “Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele (2:5).

Por último, Jesus nos lembra que “destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento, e o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mt 22:37-40).

Com estas palavras de Jesus, fica ainda mais fácil compreender a participação central do amor na santificação dos eleitos. Deus é amor, e o Filho é a expressão exata do Pai. O Cristão é um “pequeno Cristo”, marcado, portanto, por este amor- que é a marca maior do caráter de Cristo, base de nossa santidade, e o que nos possibilita viver, de fato, a Sua Palavra.


“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele”. Jo 14:21

Um pouco de Lutero

-
Em sua carta "Sincera admoestação a todos os Cristãos", Lutero faz uma observação muito sábia a respeito de como devemos corrigir aqueles que estão incorrendo em erro, porém estariam totalmente dispostos a aprender. Ele usa um conselho de Paulo e outro de Pedro:

"Acolham com bondade aquele que é fraco na fé" (Rm 14:1);
"Estejam sempre prontos a responder a todos aqueles que lhes pedem razões de sua esperança; mas façam isso com doçura e respeito". (I Pe 3:15-16).

Explica que devemos combater duramente a doutrina dos mentirosos e tiranos obstinados que não querem ouvir. Mas os simples que aqueles mantém acorrentados com as cordas de seus ensinamentos devem ser tratados de maneira diferente, desamarrando com precaução e doçura os nós dessa doutrina humana.

Lutero propõe uma parábola que traz vida ao que está sendo ensinado:

"Suponhamos que seu irmão esteja em perigo, amarrado com uma corda que seu inimigo lhe passou em volta do pescoço. Você, louco como é, fica furioso com a corda e com o inimigo; precipita-se, puxa a corda com todas as forças ou procura cortá-la com uma faca: não arrisca desse modo estrangular seu irmão ou matá-lo com uma facada e causar-lhe maior dano que a corda e o inimigo? Se quiser realmente socorrê-lo, deve agir dessa maneira: pode recriminar o inimigo ou bater nele com dureza; mas a corda, deve manejá-la com doçura e precaução, até que tenha tirado do pescoço de seu irmão, a fim de não estrangulá-lo".

A carta, então, é bondosamente finalizada com uma doce e respeitosa admoestação de Lutero:

"... guardemo-nos de toda revolta e de todo escândalo para que a santa palavra de Deus não seja profanada por nós mesmos. Amém."


ESCOLHIDOS PARA SERMOS SANTOS

“..., assim como nos escolheu, nele [em Cristo], antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele.” Ef. 1:4

O versículo acima nos fala que fomos escolhidos em Cristo para sermos santos. Antes de começarmos a tratar de santidade nas diferentes áreas de nossas vidas (afetiva, social, financeira, etc), precisamos saber o que a Palavra de Deus está nos ensinando quando diz que fomos escolhidos para sermos santos. Como Lutero ensina em sua obra Liberdade Cristã: “Boas obras não fazem um homem justo e bom, mas um homem justo e bom faz boas obras”. Da mesma maneira, é verdade falar que uma lista de permissões e proibições não faz de nenhum homem um santo, mas um homem santo sabe aquilo que deve fazer e deixar de fazer.

1. ESCOLHIDOS

Jesus, de forma clara e sucinta, nos diz: “Não foste vós que me escolheste, pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15:16). A Bíblia transmite essa realidade em vários textos do novo e do velho testamento: Deus escolheu Abraão (Gn. 18:19), escolheu o povo de Israel (Dt. 14:2), escolheu a Igreja (Jo 17:2,6,9 e 24), e nos escolheu individualmente para formarmos a Igreja (Mt. 22:14).

Não é difícil aceitar o que a Palavra fala sobre predestinação quando conhecemos um pouco do que a Bíblia ensina a respeito de Deus e a respeito de nós mesmos. Deus é soberano. O homem, por sua vez, é pecador, totalmente depravado (significando que todas as áreas de sua vida foram afetadas pelo pecado) e tornou-se inimigo de Deus. Se Jesus tivesse morrido para fazer uma oferta de salvação à humanidade, ninguém seria salvo, pois o homem natural não quer a Deus. O plano da cruz é suficientemente eficaz para assegurar salvação dos santos, cujas vidas são regeneradas pelo Espírito Santo, mediante obra exclusiva do Senhor.

Se Deus abrisse hoje a porta do inferno e dissesse ao homens condenados que poderiam sair, conquanto se curvassem diante de Cristo, todos ficariam ali. Apocalipse 16:10 e 11 nos mostra isso ao derramar dos flagelos: “E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras”. Veja que eles sabiam que havia um Deus dos Céus, sabiam que os flagelos vinham de Sua parte, portanto cientes estavam que esse Deus era quem poderia lhes tirar daquela situação de terrível tormento e dor. Mesmo assim não se arrependiam, não pediam perdão por suas obras, não clamavam por misericórdia e não se curvavam.

Assim, Deus, em sua infinita bondade e amor, olhando para a humanidade que caminha convicta para a perdição, escolhe alguns para serem santos, a fim de se tornarem vasos de misericórdia para a Sua glória. (RM 9:14-23).

2. PARA SERMOS SANTOS

A Bíblia nos fala que esta é a vontade de Deus, a nossa SANTIFICAÇÃO (I Ts 4:8). Mas o que significa ser santo?

No Antigo Testamento a palavra santo é usada para descrever coisas separadas. Deus separou o sábado para ser o seu dia e para ser dia do descanso (Ex. 20:8-11). Deus separou o templo e os filhos de Arão para o serviço do Senhor (Ex 29:44). Deus separou Israel para ser seu povo (Ex 33:16).

Ser Cristão é também ser um pequeno Cristo. É nesse aspecto que o Novo Testamento trata a santidade dos eleitos. Santidade significa ser semelhante a Cristo. I Pedro 1:15,16 afirma: “segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo”.

Dizemos que um filho puxou ao pai quando é parecido com ele, e não somente em traços físicos, mas também no agir e nas atitudes. Por isso, ser santo, semelhante a Cristo, implica em agir como Ele age, andar como Ele anda, pensar como Ele pensa. Em outras palavras, ser santo é desenvolver o caráter e a mente de Jesus.

Ao lavar os pés de Seus discípulos, Jesus disse: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13:15). Nesse texto o Senhor está dando uma lição de serviço e humildade. Porém, essa instrução de fazer conforme ele fez deve ser lembrada em todas as nossas ações, a fim de termos o nosso caráter moldado segundo o Seu próprio. Jesus era submisso, manso, humilde, amoroso, entre outras qualidades (Mt 11.29; Jo 15.9; Fp 2.8). Seu caráter é o padrão que todos os crentes devem seguir.

A carta de Paulo aos Romanos (cap. 12, v. 2) diz: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Transformar a nossa mente conforme a mente de Cristo é causa e efeito de colocar a santidade em prática, pois isso nos impulsiona a sermos como Ele é.

Quando temos a mente de Cristo, não precisamos nos preocupar em ficar toda hora debatendo sobre o certo e o errado, pois a mentalidade de Cristo estará naturalmente intrínseca em nossas atitudes. Agiremos como Cristo age; alegraremo-nos com o que Cristo se alegra; aquilo que o entristece nos entristecerá; pensaremos como Cristo pensa.

Ninguém precisa ensinar um cachorrinho a latir, nem proibi-lo de pular de lugares altos. São coisas naturais do cachorro: ele late porque é cachorro, e não pula de certas alturas porque sabe que não pode voar e se o fizer vai se machucar.

Tente definir a santidade em ideais, regras e normas de conduta, e você chegará a algo muito diferente daquilo que as escrituras ensinam sobre ser Cristão. Uma lista de condutas tem uma utilidade muito limitada para nós, uma vez que somos pequenos cristos e a mentalidade de Jesus (sobre)naturalmente dirige nossas atitudes, escolhas e atitudes. Ter a mente de Cristo é estar ao Seu lado, ver as coisas da perspectiva que Ele as vê, pensar da maneira que ele pensa, desenvolvendo assim, o Seu caráter em nós.

Quando renovamos a nossa mente conforme ao de nosso Mestre, experimentaremos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. A Palavra nos promete: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do teu coração” (Sl 37:4). Renovar a mente em Cristo muda nossa maneira de pensar, nossos sonhos e nossas vidas, a fim de desejarmos o que Ele deseja e alcançarmos, assim, a plena satisfação de nossos anseios.

Assim, a santidade se estende a todas as áreas de nossa vida quando somos semelhantes a Cristo, em seu caráter e em sua mente.

Glórias ao nome de Jesus, pois nEle fomos escolhidos para sermos santos. NEle somos feitos novas criaturas. NEle somos regenerados, trazidos do reino das trevas para Sua maravilhosa luz. Não somos mais nós que vivemos, mas Cristo vive em nós. Jesus morreu pelos nossos pecados. Somente por Sua obra redentora na cruz podemos ser santos. “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas” (Hb 10:10).

Jesus é a causa e a razão de sermos santos e vivermos em santidade! Aleluia!!!

Doutrina da Eleição e Senhor dos Anéis

Paul Washer usa como ilustração o Senhor dos Anéis para falar acerca da depravação total do homem. Vale a pena assistir. Muito esclarecedor para os que ainda precisam entender e se firmar na maravilhosa e libertadora doutrina da Eleição.


QUANDO NÃO AVANÇAMOS NA BATALHA

Josué Cap 7
Levanta-te, santifica o povo, e dize: Santificai-vos para amanhã, porque assim diz o SENHOR Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; diante dos teus inimigos não poderás suster-te, até que tireis o anátema do meio de vós. Js 7:13

A história de livramento dos judeus do cativeiro egípcio, desde a saída do Egito, até o seu assentamento na terra prometida, é uma alegoria da liberdade que temos em Cristo Jesus, em quem somos livres da escravidão do pecado, e quem nos guia para a entrada triunfal e definitiva nas moradas celestiais.
O capítulo sete do livro de Josué nos conta da derrota de Israel na batalha contra o povo de Ai. Essa derrota serve-nos como um alerta para este caminho de peregrinação que representa nossas vidas neste mundo. Como o tempo que o povo judeu passou no deserto foi transitório, assim é nossa vida na terra: passageira. E da mesma maneira, teremos perdas e conseqüências danosas todas as vezes que não atendermos às instruções do Senhor.
O capítulo seis de Josué narra a conquista de Jericó, uma das vitórias mais importantes da história de Israel. Por ocasião da tomada de Jericó, Deus havia deixado claro que tudo ali deveria ser destruído, e que o povo não poderia se apossar de nenhuma das coisas condenadas; somente os utensílios de ouro, prata, bronze e ferro deveriam ser levados e consagrados aos tesouros do Senhor. Ocorreu que Acã, da família dos zeraítas, da Tribo de Judá, tomou para si e escondeu coisas condenadas e tesouros de ouro e prata debaixo de sua tenda. E diz a Palavra que “a ira do Senhor se ascendeu contra os filhos de Israel”.
Após a conquista de Jericó, a próxima batalha seria em Ai. Josué estava tão confiante, que mandou poucos homens de guerra àquela cidade, para que “não se fadigasse o povo”. A campanha que foi a Ai voltou dizimada e humilhada. Surpresa que se tornou desespero, pois as conseqüências daquela derrota iam além do retardo das conquistas, poderiam se tornar um alento e encorajamento aos povos vizinhos que outrora se viam irremediavelmente ameaçados pelos israelitas - se Ai derrotou a Israel, talvez o povo de Deus não seja imbatível em batalha.
Israel não avançou na batalha, e dessa derrota tiramos uma grande lição: Deus não irá nos deixar avançar enquanto não excluirmos as coisas condenadas de nossas vidas.
Efésios 1:4 diz que Deus “nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para sermos Santos e irrepreensíveis...”
I Pedro 1:15 e 16: “segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo”.
Hebreus 12:14: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”.
Muitas podem ser as lutas de cada um: alguns esperam uma promoção no emprego, outros procuram um emprego; alguns esperam pelo casamento, outros pela restauração do relacionamento dentro do casamento; ou até coisas menos importantes, como conquista de bênçãos materiais. Seja qual for a área de nossas vidas em que não encontramos vitória, por amor a nós mesmos, o Senhor não nos deixará avançar enquanto não nos livrarmos dos pecados enraizados.
É claro que, às vezes, pode-se tratar apenas daquilo que A.W. Tozer chama de “aflições moralmente neutras”, problemas naturais da vida e que não provem da vara nem da cruz, e não é imposto como um corretivo moral, nem é resultado de nossa vida e testemunho cristão. Porém, eu gostaria de chamar a atenção para o tipo de tribulação provocada pela vara do próprio Deus, imposta para nos corrigir e nos trazer de volta ao caminho.
Hebreus 12:6-11 nos afirma que “o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?... E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser motivo de alegria, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça aos que tem sido por ela exercitado”.
Quando não avançamos na batalha, podemos estar recebendo uma correção, uma disciplina, um alerta de santificação vindo direto de Deus. A passagem lida no mostra que Josué teve três atitudes que nos servem de exemplo sobre como podemos agir nesses tempos de estagnação:

Primeiro, Josué se humilhou perante o Senhor. O versículo seis do capítulo sete nos diz que depois da derrota, Josué rasgou as suas vestes e se prostrou em terra perante a arca do Senhor junto aos anciãos, com os quais deitaram terra sobre a cabeça. Há também outros episódios nas escrituras em que Deus nos mostra que leva em grande consideração esta atitude de Josué.
Após a solenidade de consagração do Templo, o Senhor aparece a Salomão e diz: “Se eu cerrar os céus de modo que não haja chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam a terra, ou se enviar a peste entre o meu povo; se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra”. (II Cr 7:14)
Quando corrigido por Natã por causa de seu adultério, em profundo arrependimento, Davi escreve: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus”.
O Salmista igualmente exulta: “Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito”. Salmos 34:18

Segundo, após orar, Josué escutou atentamente ao que o Senhor tinha a dizer.
Muitas vezes oramos ao Senhor pedindo uma resposta, mas já temos nossas próprias respostas. Não abrimos nossas mentes e corações para ouvir a correção e o ensino da parte de Deus. Podemos orar, mas continuamos com uma atitude defensiva, que não aceita correção ou conselho de nosso pastor ou de nossos irmãos (leia o texto “Pessoas defensivas são orgulhosas” clicando aqui ou assista o vídeo no youtube).
Porém, a passagem nos mostra que Josué ouviu o que o Senhor falou e não ficou procurando justificativas ou argumentações.
Dentre muitas outras maneiras, o mais comum é que o Senhor nos fale através da Bíblia e através da vida de nossos irmãos.
Em 2 Timóteo 3:16, Paulo afirma: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”.
Provérbios 12:15 diz que “O caminho do insensato aos próprios olhos parece reto, mas o sábio dá ouvidos aos conselhos”.
Não está em questão a maneira que Deus irá falar conosco ou nos trazer uma resposta. O mais importante é nossa atitude. Na visão que João teve de Cristo em Apocalipse, o Senhor Jesus exclama às sete igrejas da Ásia: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça o que o Espírito diz às igrejas”. Lembremos que eu e você somos igreja. Se eu tenho ouvidos, que eu ouça o que o Espírito me diz. Se você tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz a você.

Em terceiro lugar, Josué obedeceu e eliminou as coisas condenadas do meio do povo. Eis aí uma questão básica em nossas vidas. Aprender e praticar. Ouvir e obedecer.
Obediência é tudo que o Senhor espera de nós em todos os aspectos da vida. Em última instância, foi a falta de obediência que levou Israel a este momento trágico.
Deuteronômio 28 nos fala das bênçãos decorrentes da obediência: “Se atentamente ouvires a voz de do Senhor, teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que hoje te ordeno, o Senhor, teu Deus, te exaltará sobre todas as nações da terra...”; bem como das conseqüências da desobediência: “O Senhor mandará sobre ti a maldição, a confusão e a ameaça em tudo quanto empreenderes...”.
Tiago 1:25, diz que “aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar”.
Jesus, por sua vez, compara aquele que não pratica as suas palavras ao nécio que construiu sua casa na areia, e veio a chuva, o vento e a derrubou. E diz: “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando”.

Depois de sofrer as conseqüências da desobediência de um dos da tribo de Judá, Josué se humilhou, ouviu e obedeceu às instruções do Senhor. Ele colocou aquelas coisas condenadas perante Deus, e toda a congregação apedrejou a Acã, que trouxera culpa sobre o povo e fez irar o Senhor contra Israel.
A Bíblia nos fala que pelo pecado de um homem todos se fizeram pecadores. Todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus. Aquele que diz não ter pecado, é mentiroso. Em certos pontos da vida, nós erramos e deixamo-nos contaminar com as coisas condenadas. Já sofremos e já fizemos outros sofrerem as conseqüências da nossa desobediência. Todos já retardamos o avanço de nossas vidas e fizemos outros atrasarem o seu curso por causa de nosso pecado.
A boa notícia é que Jesus Cristo tomou a nossa culpa e já foi morto em nosso lugar. Não precisamos morrer ou matar para purificar o que se tornou condenado pelo pecado. A parte que nos cabe hoje é a confissão e o arrependimento. I João 1:9 diz que “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.
Através da cruz somos feito novos a cada dia e temos a chance de retomar o rumo em nossas lutas, abrindo espaço para as conquistas de projetos e sonhos que o Senhor colocou em nossos corações.
Continuemos caminhando em obediência, até o dia da conquista final da terra prometida, o dia em que todo aquele que creu e obedeceu há de se encontrar nos braços de Cristo na morada celestial.

“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”. Pv. 3:5 e 6

Pessoas Defensivas São Orgulhosas

Atitude defensiva é um sinal de orgulho e imaturidade.
Uma das definições do dicionário para barômetro é que é “um indicador”. Então, em qualquer hora que sentirmos atitude defensiva em nós mesmos ou em outros, isso é um barômetro indicando orgulho ou imaturidade.

• Você não pode se tornar defensivo se quiser exibir humildade e semelhança de Cristo.
• Você não pode se tornar defensivo se você quiser ser uma pessoa receptiva ao ensino e ensinado pelo Senhor.
• Você não pode ser defensivo se pastores, anciãos e outros crentes hão de ter seu lugar apropriado em nosso crescimento espiritual.


Uma questão válida e honesta: Sou uma pessoa defensiva?

Se nós ficamos defensivos quando outros apontam alguma coisa em nossas vidas, então nós ainda somos imaturos em alguma extensão.

• Atitude defensiva é enraizada em orgulho e preconceito. Não desejar ser corrigido é atitude defensiva enraizada no orgulho.
• Atitude defensiva mostra sua face repulsiva quando alguém toca um nervo em minha alma, possivelmente expondo que eu posso estar errado sobre algo.
• Atitude defensiva é aquele sentimento que eu tenho quando alguém me desafia em alguma coisa, possivelmente expondo que eu tenho ponto cegos que eles vêem e eu não vejo.
• A atitude defensiva se mostra em irritabilidade quando alguém descorda comigo de alguma maneira.

• Se eu sou defensivo, orgulho está levantando sua face em mim.
• Se eu sou defensivo, Eu ainda sei que sei mais e melhor que qualquer um que descorda de mim.
• Se eu sou defensivo, eu ainda não sou, em algum grau, receptível ao ensino.
• Se eu sou defensivo, eu estou revelando uma atitude interna de que eu não posso estar errado.
• Se outro Cristão ou um de meus pastores, vem a mim para compartilhar algo que eles sentem ser uma necessidade em minha vida, eu respondo com atitude defensiva ou escuto em silêncio, realmente ouço o que eles estão dizendo e me asseguro que entendi e os agradeço por vir, e então examino a mim mesmo diante do Senhor para receber o que ele quer para mim?
• Se eu faço isso, trata-se de maturidade e semelhança de Cristo.

Como eu respondo a essas situações irá fazer toda a diferença entre crescimento real e mudar ou não.
• Se eu sou defensivo quando outro irmão ou irmã diz algo com o qual eu não concordo, eu estou demonstrando que eu ainda estou tentando viver como uma ilha, me separando do corpo, afirmando minha independência carnal do corpo, e do cabeça de igual modo.
• Atitude defensiva está arraigada em nós, é quase como respirar. Nós a exibimos até mesmo quando não sabemos. Se nós somos desafiados, corrigidos ou censurados, é horror e imaturidade em ação, e orgulho sustentando sua ingloriosa presença.
• Quando eu sou defensivo, estou longe de ser como o Senhor Jesus.

Que Deus me salve deste terrível e contínuo mal.

Jesus nunca foi defensivo em sua vida, nem uma vez se quer. E ele está me chamando para apagar essa atitude, morrer diariamente para mim mesmo e me tornar indefensivo, com toda minha defesa estando nEle e nEle somente.

Escrito por Mack Tomlinson.
Pregador da Ambassadors for Christ International USA

A Insuficiência do "Cristianismo Instantâneo"- A.W. Tozer *

Não é de admirar que o país que inventou o chá e o café instan­tâneos também desse ao mundo o cristianismo instantâneo. Caso essas duas bebidas não tenham sido realmente inventadas nos Estados Unidos, foi certamente aqui que receberam o ímpeto publicitário que as tornou conhecidas na maior parte do mundo civilizado. E não pode ser também negado que foi o Fundamentalismo americano que introduziu o cristianismo instantâneo nas igrejas evangélicas.

Se ignorarmos por um momento o romanismo e o liberalismo em seus vários disfarces, concentrando nossa atenção sobre o grande número de crentes evangélicos, vemos imediatamente quanto a reli­gião cristã sofreu na casa de seus amigos. O gênio americano para a realização fácil e rápida de tudo, sem preocupar-se com a sua qualidade ou permanência, gerou um vírus que veio a contagiar toda a igreja evangélica nos Estados Unidos e, através de nossa literatura, nossos evangelistas e nossos missionários, espalhou-se por todo o mundo.

O cristianismo instantâneo acompanhou a idade da máquina. Os homens inventaram as máquinas com duas finalidades. Queriam fazer mais rapidamente o trabalho considerado importante e queriam ao mesmo tempo terminar logo suas tarefas a fim de dedicar-se a coisas mais do seu agrado, tais como o lazer ou gozar dos prazeres mundanos, O cristianismo instantâneo serve agora aos mesmos propó­sitos na religião. Ele ignora o passado, garante o futuro e libera o cristão para seguir as inclinações da carne com toda boa consciên­cia e um mínimo de restrição.

Com a expressão "cristianismo instantâneo" estou me referindo ao tipo encontrado quase em toda parte nos círculos evangélicos, nascidos da idéia de que podemos livrar-nos de toda obrigação para com nossas almas através de um só ato de fé, ou no máximo dois, ficando tranqüilos daí por diante quanto à nossa condição espiritual, sendo então permitido inferir que não existe razão para termos um caráter santo. Uma qualidade automática, de uma vez por todas, acha-se presente neste conceito, a qual não se adapta de maneira alguma à fé apresentada no Novo Testamento.

Neste erro, como na maioria dos outros, encontra-se uma certa parte de verdade imperfeitamente interpretada. É verdade que a conversão a Cristo pode ser, e muitas vezes é, repentina. Onde o peso do pecado se revelou grande, o recebimento do perdão é no geral alegre e claro. A alegria experimentada no perdão equivale à repugnância moral de que nos despojamos no arrependimento. O verdadeiro cristão encontra Deus. Ele sabe que tem a vida eterna e provavelmente sabe onde e quando a recebeu. Os que foram também enchidos com o Espírito Santo após a sua regeneração sentem perfeitamente a operação que está sendo realizada neles. O Espírito anuncia-se a si próprio, e o coração renovado não tem dificuldade em identificar a sua presença à medida que Ele se der­rama na alma.

O problema está em que nos inclinamos a confiar nas nossas experiências e, em conseqüência disso, interpretamos erradamente todo o Novo Testamento. Somos constantemente exortados a tomar a decisão, a resolver o assunto imediatamente e, os que nos acon­selham nesse sentido estão certos. Existem decisões que podem e devem ser tomadas de uma vez por todas. Certos assuntos pessoais podem ser decididos instantaneamente mediante um ato determinado da vontade em resposta a uma fé bíblica. Ninguém iria negar tal coisa, e eu certamente não farei isso.

A questão que nos enfrenta é esta: O que pode ser realizado através desse ato único de fé? Quanto falta ainda a ser feito e até que ponto uma única decisão pode levar-nos?

O cristianismo instantâneo tende a considerar o ato de fé como um fim em si mesmo e sufoca o desejo de crescimento espiritual. Ele não compreende a verdadeira natureza da vida cristã, que não é estática mas dinâmica e expansionista. Ele passa por cima do fato de o novo cristão representar um organismo vivo, como um bebê recém-nascido, necessitado de nutrição e exercício a fim de assegurai o seu crescimento normal. Ele não considera que o ato de fé em Cristo estabelece um relacionamento pessoal entre dois seres morais inteligentes, Deus e o homem reconciliado, e um encontro único entre Deus e uma criatura feita à sua imagem jamais poderia bastar para estabelecer uma amizade íntima entre ambos.

A tentativa de englobar toda a salvação numa só experiência, ou talvez duas, por parte dos defensores do cristianismo instan­tâneo zomba da lei do desenvolvimento que abrange toda a natureza. Eles ignoram os efeitos santificadores do sofrimento, do carregar da cruz e da obediência prática. Olvidam também a necessidade de treinamento espiritual, de formar hábitos religiosos corretos e de lutar contra o mundo, o diabo e a carne.

A preocupação excessiva com o ato inicial da crença fez nascer em alguns uma psicologia de acomodação, ou pelo menos de não-expectativa. Para alguns o resultado foi uma decepção com a fé cristã. Deus parece demasiado distante, o mundo próximo demais, e a carne muito poderosa e irresistível. Outros ficam satisfeitos em aceitar a segurança da bênção automática. Ela os livra da necessi­dade de vigiar, lutar e orar, e os considera liberados para gozar deste mundo enquanto aguardam o outro.

O cristianismo instantâneo é a ortodoxia do século vinte. Imagino se o homem que escreveu Filipenses 3:7-16 o reconheceria como a fé pela qual morreu. Temo que não.

*A. W. Tozer (1897-1963): pastoreou igrejas da Aliança Cristã e Missionária por mais de 30 anos. Apesar de não ter freqüentado seminário, seu amplo conhecimento bíblico, o forte impacto de sua pregação e a prolífica criação literária (escreveu mais de 40 livros) renderam-lhe a concessão de dois doutorados honorários. Tozer é reputado entre os maiores pregadores de todos os tempos.