Amor: expressão maior do caráter de Cristo e base de nossa santidade

Texto base: 1ª João 4:7-21 e 5:1-3

Nós amamos porque ele nos amou primeiro. I Jo 4: 19

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O maior objetivo de um Cristão é desenvolver em sua vida o caráter de Cristo. Todo o homem transformado por Deus deve, então, carregar em si a marca do amor, pois esta é a expressão maior da pessoa de nosso redentor. O verso em destaque nos mostra que tornamo-nos capazes de amar quando somos amados por Deus. Por isso, é impossível que o crente em Jesus não tenha em si esse amor. Falar de um cristão sem amor é como falar de um pássaro sem asas. Não há pássaro sem asas, não há cristão sem amor.

O amor de Deus é, assim, uma marca intrínseca da nova natureza do homem regenerado. É também a base de nossa santidade, o que nos torna semelhantes a Jesus.

Quando João nos aponta que Deus é amor (4:16), ele não está apenas dizendo que Deus ama, tem amor, ou que ele é amoroso, mas está dizendo que Deus é amor. É um atributo de Deus; faz parte de Sua natureza.

Jesus é a expressão exata desse amor, que não pode ser compreendido pelo ser humano fora da pessoa de Cristo. “Ele [Jesus], que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hebreus 5:13). Ao comentar esse versículo, Calvino escreve:

... Deus não nos é revelado de outra maneira senão em Cristo. O fulgor da substância de Deus é tão forte que fere nossos olhos, até que ela se nos projete na Pessoa de Cristo. Segue-se disso que somos cegos para a luz de Deus, a menos que ela nos ilumine em Cristo... devemos ter similar entendimento dessa imagem: Deus, em si e por si mesmo, nos será incompreensível, até que sua forma nos seja revelada no Filho.

João 3:16 nos diz que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Em João 15:13, Jesus afirma: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”. Vemos aí o Pai, que dá o Filho por amor ao mundo, e o Filho, que dá a sua própria vida por amor dos seus amigos. Nisso temos a amor de Deus se tornando compreensível ao homem através de Cristo.

Na primeira carta do apóstolo, também lemos que “nós amamos porque ele nos amou primeiro”. João está deixando claro que não poderíamos esboçar amor a Deus sem que antes seu amor tivesse sido direcionado e efetivo em nós. De igual modo, esse verso nos mostra que o amor na vida do cristão é fruto da regeneração. Regeneração é o ato inicial de salvação em que Deus faz nascer de novo o pecador perdido, dele fazendo uma nova criatura em Cristo. É a execução do que Jesus se refere quando diz: “Importa-vos nascer de novo”. Podemos dizer que o nascimento físico nos introduz a este mundo, e a regeneração nos introduz no reino espiritual e eterno. Assim, não somos capazes de amar antes de sermos transformados pelo amor de Deus, antes de sermos feitos novas criaturas, antes de sermos regenerados.

Aqui chegamos ao ponto de que o amor é a marca intrínseca da nova natureza do homem regenerado, pois todo crente o recebe de Deus. Não se pode ser cristão sem amar. Dizer que um cristão não ama é como dizer que um peixe não nada, ou que aves não voam.

Um cristão sem o amor de Deus seria como uma bola quadrada... simplesmente, não seria uma bola. Poderia ser muitas coisas: um dado, um cubo, uma caixa fechada – mas nunca uma bola. Uma bola é bola porque é redonda e rola. Se não rola, não é bola. Se um suposto cristão não tem o amor de Deus, não ama verdadeiramente e não pode ser cristão.

Destacamos que o amor de Deus em nossas vidas é evidenciado tanto em relacionamentos como na obediência. Essa seqüência de versos fala por si só: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (4:20); “Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos” (5:2); e “Este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos” (5:3).

Mais uma vez, apontamos para o que temos repetido durante nossos estudos acerca de santidade: aquele que é salvo demonstra evidências claras de uma obra transformadora em sua vida. Não estamos falando de salvação pelas obras, mas estamos dizendo que as obras seguem o processo de salvação. O amor, por sua vez, é o primeiro fruto de arrependimento e principal amostra de mudança de vida. João enfatiza isso no capítulo 2 de sua carta: “Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele (2:5).

Por último, Jesus nos lembra que “destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento, e o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mt 22:37-40).

Com estas palavras de Jesus, fica ainda mais fácil compreender a participação central do amor na santificação dos eleitos. Deus é amor, e o Filho é a expressão exata do Pai. O Cristão é um “pequeno Cristo”, marcado, portanto, por este amor- que é a marca maior do caráter de Cristo, base de nossa santidade, e o que nos possibilita viver, de fato, a Sua Palavra.


“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele”. Jo 14:21