Dez fatos sobre a Páscoa e a história de Israel que se relacionam a nós como Igreja de Cristo

Páscoa é uma festa judaica em memória à libertação da escravidão no Egito. Pessach significa “passar por cima”, em referência ao Senhor ter passado e não entrado nas casas das famílias Israelitas, que seguiram as instruções de Moisés de aspergir nos marcos de suas portas o sangue dos cordeiros que deveriam servir de refeição na noite em que se preparavam para sair do Egito. Todos os primogênitos egípcios morreram naquela noite, do filho do Faraó até os primeiros filhos dos animais.

A história de Israel é um tipo de nossa história, uma prefiguração de como Deus nos resgatou do pecado. Em I Coríntios 10, Paulo faz alguns paralelos com o Êxodo do Egito e diz: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos  têm chegado” (verso 11).

Neste fim de semana em que celebramos a Páscoa, separei dez fatos relacionados ao Pessach dos judeus que nos ensinam sobre nossa vida espiritual, nossa salvação, libertação do pecado e sobre nossa jornada à terra prometida. Vamos fazer um breve passeio,  não somente naquela noite, mas pelos principais fatos e acontecimentos da  história do povo de Israel que nos ajudam a entender melhor aquele evento e a nossa vida cristã.

1.            Fomos escolhidos antes mesmo de existirmos, assim como Israel já era povo escolhido antes de ser nação.
Em Genesis 12.2, Deus diz a Abrão: "De ti farei uma grande nação, e te abençoarei e te engrandecerei o nome".
Em Efésios 1.4, o apóstolo Paulo diz: "Deus nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo".

2.            Fomos concebidos em pecado, assim como Israel se tornou povo no Egito.
José foi vendido pelos seus irmãos e acabou no Egito. Numa história dramática, em tempos de fome na terra, a família toda de Jacó se refugiou no Egito, pois o próprio José foi alçado para o posto mais importante do império pelo Faraó para administrar a economia nos tempos de escassez. O Egito na Bíblia é o símbolo do pecado. O lugar onde o crente não deve estar.
No Salmo 51.5, Davi confessa: "Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe".

3.            Só deixamos o pecado por iniciativa de Deus, da mesma maneira que foi por iniciativa do Senhor que Israel deixou o Egito.
A epístola aos Colosssenses ensina que: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”. (1.13)
Jonas 2.9 diz que “a salvação pertence ao Senhor”!

4.            O diabo resiste a nossa libertação da mesma maneira que o Faraó não queria deixar ir a Israel.
Faraó, com o coração endurecido, resistiu o quanto pôde e tramou para não deixar ir o povo de Deus.
Na parábola do semeador, Jesus fala de quatro tipos de solo, e deixa claro que o diabo tenta contra todos aqueles que ouvem o Evangelho. Nosso Senhor ensina que os intentos do inimigo são bem sucedidos com aqueles tipos de pessoas representadas pela semente que cai pelo caminho: “Vem o maligno e lhes arrebata o que foi semeado no coração. Esse é o que foi semeado à beira do caminho". (Mateus 13.19)
O apósotolo Pedro também nos alerta: "Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar". (I Pedro 5.8-9)

5.            O sangue do Cordeiro nos livra da morte e da ira de Deus.
A ordem era passar o sangue de cordeiro sem defeito, macho de um ano, nos umbrais das portas. O Senhor feriu naquela noite todos os primogênitos do Egito, executando seu juízo, exceto aos filhos de Israel que tinham a marca do cordeiro em suas portas.
Romanos 5.8-9 diz: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”.

6.            Ele nos dá uma lei de liberdade.
Os dez mandamentos e toda Lei foram entregues aos Israelitas ainda no deserto. “Então, falou Deus todas essas palavras: Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim...” (Êxodo 20). Deus recorda a libertação, e logo depois dá uma lei que explica como eles deveriam viver. Em outras palavras, o Senhor está fazendo um convite: vivam da seguinte maneira, se quiserem continuar desfrutando dessa liberdade.
Ao abrir o sermão do monte com as bem-aventuranças, Jesus repete essa dinâmica, que pode ser vista em toda escritura: primeiro, Deus age com graça e nos tira do reino da escravidão do pecado, para depois entregar uma ética a ser seguida. Ninguém consegue se libertar pelo cumprimento da lei, mas somente os que já foram libertos conseguem viver por ela. 
Aqui é bom lembrar que toda a lei de Deus reflete seu caráter, e nossa liberdade está em nos tornarmos semelhantes a Jesus. 

7.            Murmuramos e desejamos as facilidades do Egito.
Logo depois de atravessar o Mar Vermelho a seco e se verem lives da perseguição do exército de Faraó, os Israelitas já demonstravam incredulidade, ingratidão e insatisfação, conforme mostra Êxodo 16.3: “Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor, na terra do Egito, quando estávamos juntos às panelas de carne e comíamos pão a fartar”.
Em I Coríntios 10.10, há um paralelo específico com esse episódio: “Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador”.

8.            Nós constituímos ídolos e atribuímos a eles a nossa liberdade
Êxodo 32 narra a fraqueza da memória dos judeus, que recém tinham visto livramentos maravilhosos operados por Jeová. Ainda assim, por uma ausência temporária de Moisés que havia se retirado para receber instruções do Senhor, o povo construiu um bezerro de ouro e proclamou: "São estes, ó Israel, os teus deuses que te tiraram da terra do Egito".
No verso 7 de I Coríntios 10, Paulo também alerta sobre a idolatria do povo no deserto: “Não vos façais por idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se”.
De fato, como é fácil esquecermos que tudo que temos vem do Senhor! Diariamente, precisamos lutar contra o orgulho e nossa soberba, lembrando que não foi nossa força, nossa inteligência, nossa justiça ou nosso conhecimento que nos livraram do pecado e trouxeram bençãos incontáveis às nossas vidas. 
Constituímos ídolos sempre que não atribuimos toda a glória a Deus a cada livramento ou conquista.

9.            Nós temos uma longa jornada para a terra prometida.
Israel tinha de atravessar o deserto para chegar à Canaã, a terra prometida. O deserto deveria ser temporário para todos os que creram. Mas somente Josué e Calebe creram na conquista quando os espias se depararam com a terra onde habitavam gigantes. Até mesmo Moisés só pode avistar a terra,  porque feriu a rocha à qual deveria apenas ter falado para tirar água (veja Números 20.11).
No Novo Testamento, a carta aos Hebreus, capítulo 13, versículo 14 diz: “Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir”.

10.          Deus provê um libertador.
Em Atos 3.22, Pedro cita as palavras de Moisés para apresentar Jesus como o Messias: “O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta no meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim, a ele ouvirás”.

A páscoa judaica foi um tipo da libertação definitiva do pecado que só pode ser alcançada em Jesus. Em Cristo, temos o êxodo da escravidão do pecado.  Se nos umbrais das portas dos Israelitas no Egito havia sangue de cordeiros que fez o juízo do Senhor passar por cima e não entrar em suas casas, na cruz de Cristo estava o sangue para o qual Deus olha ao passar por cima de nossa rebelião contra ele, para não derramar sobre nós a morte e a ira que merecíamos. O Pai poupou os primogênitos de Israel no Egito, mas não poupou o seu próprio Filho. No entanto, a crucificação é a morte da morte na morte de Cristo, pois ele ressuscitou! Jesus venceu a morte! Sua ressurreição é a garantia definitiva de nossa passagem da escravidão do pecado para a terra prometida, onde habitaremos para sempre com nosso Deus.

“Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem”.
I Coríntios 15.20

Antes que dissesse “haja luz!”, Deus havia dito “haja cruz!”

Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu em Cristo, o Cordeiro morto desde a fundação do mundo.

Jesus não é um “plano B”. Deus não foi pego de surpresa quando Adão caiu em pecado. A redenção dos seus eleitos na cruz sempre esteve nos planos eternos e soberanos do Senhor.

Compreender isso é uma chave importante para interpretação bíblica. A Bíblia contém regras morais, mas não é um livro moral; a Bíblia contém livros históricos, mas não é um livro de história; a Bíblia fala da criação e da natureza, mas não é um livro de ciências; a  Bíblia tem  escritos poéticos, mas não é um livro de poesia; a Bíblia tem salmos e cânticos, mas não é um livro de música.

A Bíblia é a história da redenção da humanidade pela aliança de Deus com seu povo através do sacrifício de Jesus na cruz. Todos os livros bíblicos apontam para Cristo, e cada texto e cada palavra devem ser lidos e entendidos tendo-se isso em mente.

"Porque Deus nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença."

Efésios 1.4

"Todos os habitantes da terra adorarão a besta, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo." 

Apocalipse 13.8