Eis que vos farei chover pão dos céus

Os Israelitas foram salvos da escravidão. O primeiro versículo do capítulo 16 de Êxodo relata que os filhos de Israel estavam no deserto após terem saído da terra do Egito. Até ali, o povo de Deus havia testemunhado uma grande libertação através de providência divina e muitos milagres, desde as pragas que afligiram os egípcios, a abertura do mar e a transformação de águas amargas em águas doces. Mesmo assim, o versículo seguinte diz que “toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Arão no deserto”.
A causa da murmuração dos israelitas era uma: alimentação, que se desdobrava em duas, sobrevivência garantida e fartura. “Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor, na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne e comíamos pão a fartar! Pois nos trouxestes a este deserto, para matardes de fome toda esta multidão.“
A libertação de Israel da escravidão no Egito é o símbolo de libertação do Cristão da escravidão no pecado. E não menos nesta narrativa, temos uma ilustração das dificuldades pelas quais passamos no início de nossa caminhada com Cristo, e de como podemos reagir a elas.
Em primeiro lugar, Israel teve de aprender que a vida e a sobrevivência não dependiam mais de depositar suas forças nos sistemas estabelecidos deste mundo, e que agora estavam debaixo da total dependência de Deus. Essa foi a resposta do Senhor no verso cinco: “Eis que vos farei chover do céu pão, e o povo sairá e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu ponha à prova se anda na minha lei ou não”.
O Senhor abria aos olhos do seu povo para a realidade de dependência, e os convidava a uma nova vida sob essa perspectiva. Não se trata de uma nova realidade, mas somente de percebê-la. Talvez (ou muito provavelmente), os israelitas confiavam em sua própria força e na boa vontade de Faraó para os alimentar no Egito. No entanto, até mesmo lá eles já estavam vivendo pela provisão divina, “Porque [o Senhor] faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mateus 5:45).
Eis aqui a chamada da nova vida em Cristo: em tudo somos dependentes dele. Como Paulo nos afirma: “O que tens tu que não tenhas recebido?”. (I Co 4:7).
Em segundo lugar, saber que dependemos da providência de Deus é uma prova de que fomos realmente libertos. Como Paulo, exultante, escreve em Filipense 4:11-12: “Porque já aprendi a contentar-me em toda e qualquer situação. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade”.
Agora os israelitas teriam de aprender que nada podiam fazer pela própria força para suprir suas necessidades e garantir sua sobrevivência. No deserto não há terra fértil. No deserto não há água. No deserto não há pomares. O deserto é lugar de sequidão e pouca vida. Mas é no deserto que todo nosso orgulho e auto-suficiência são quebrados. Se há alguma resquício de governo próprio, ali ele rende e se ajoelha ao Senhor de tudo. Ali aprendemos que somos ricos quando somos pobres, que somos fortes quando somos fracos, e aprendemos a exclamar confiantemente como Paulo: “tudo posso naquele que me fortalece”.
Logo após passar pelo meio do mar em terra seca, Moisés e o povo haviam entoado: “Com a tua beneficiência guiaste o povo que salvaste; com a tua força o levaste à habitação da tua santidade”.  O deserto era o lugar de experimentar essa liberdade, dependência e direção.
Jesus Cristo é o nosso alimento diário.  Ele disse: “eu sou o pão da vida” (João 6). Como é rica a nossa confiança em Cristo. O mesmo Deus que tirou com braço forte o seu povo do jugo de Faraó, arranca-nos com graça das garras do pecado. E ele nos dá sustento a cada dia. “Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?”.
Cristo nos lembra que somos peregrinos neste mundo, assim como os israelitas o eram no deserto. Ainda que não haja alimento físico, nele temos vida eterna. Ainda que não haja vestes físicas, nele somos revestidos do novo homem. E isso basta para a eternidade. Mas Jesus nos conforta e continua: “vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas essas coisas; buscai, pois, o seu reino e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas”.
O Senhor nos libertou da pior consequência do jugo do pecado, qual seja, a separação eterna de Deus. E ele mesmo, em Cristo Jesus, haverá de prover cada uma de nossas necessidades de nossa jornada terrena.
Em várias culturas, pão é símbolo de vida, de subsistência e de fartura. Em Cristo nós temos vida; o pão é o seu corpo repartido por nós no madeiro. Ele é a palavra;  nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. E ele é a nossa fartura, que veio para nos dar vida, e vida em abundância.
No deserto, Deus fez chover pão dos céus para alimentar os israelitas.
Para nós, Jesus é o pão que desceu do céu para nos dar vida. 

Evangelizar é um mendigo mostrando ao outro onde encontrar pão.

“Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer o pão do céu. Disse-lhes, pois, Jesus: Na verdade, na verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.  Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão. E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede”.
(João 6:31-35)

A Sutil Idolatria de Raquel



O capítulo 31 de Gênesis conta a história do retorno de Jacó para a casa de seus pais, levando consigo a família que constituira e toda a riqueza adquirida através do trabalho prestado a Labão. Ao se dar conta da partida, seu sogro começa uma perseguição; porém, é avisado por Deus que não falasse nem bem nem mal.
Tendo sido alcançado por Labão, que reclamava a falta de seus deuses-lar, Jacó o autoriza a procurar os ídolos em meio aos pertences que estavam sendo levados na viagem, e declara: “Não viva aquele com quem achares os teus deuses”; conforme prescreviam os costumes e a lei da época para punir o crime de roubo. Raquel, então, para não ser descoberta, coloca-os por debaixo da sela do camelo, e diz não poder se levantar por estar nos dias de regras.
Romanos 6:23 nos diz que o salário do pecado é  a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus. Com a entrada do pecado na humanidade, todos nós constituímos ídolos que tomam o lugar de Deus. A sentença que Jacó pronunciou contra Raquel, sem saber que ela havia furtado aqueles ídolos enquanto Labão tosquiava as ovelhas, se estende a todos nós: não viva aquele com quem se achar deuses estranhos. 
Alguns comentaristas bíblicos dizem que esses deuses-lar  davam direito de herança ao genro que  os tivesse em sua posse. Pode-se, então, analisar a situação por três aspectos: Raquel furtou aqueles ídolos porque era devota deles; Raquel os tomou como uma forma de apego a sua família e a sua terra; Raquel procurava a segurança jurídica que aqueles ídolos  proporcionavam a ela e ao seu marido.
Qualquer que seja a alternativa, Raquel cometeu o pecado da idolatria, pois tirou o Deus verdadeiro do centro de sua vida, substituindo-o por outros. Ou ela estava adorando os deuses que as imagens representavam, ou estava venerando sua família e o apego as suas origens, ou ela estava confiando na segurança jurídica e financeira daqueles artefatos.
Raquel é a síntese da sutileza da idolatria. Trazemos para nossas vidas ídolos para carregar na jornada quando ninguém está olhando, tentamos esconder os reais motivos para nós mesmos, e fazemos questão de descansar escondendo-os dos outros.
Gênesis 35 relata o cumprimento da maldição de Jacó sobre Raquel, que morre durante o parto de seu segundo filho. Ela quer chamar a criança de Benoni, ou seja, ‘infortúnio’. Mas Jacó lhe dá o nome de Benjamim, que significa ‘boa sorte’. O patriarca profetiza, assim, tanto para sua esposa como para toda a humanidade, que há esperança para o pecador até mesmo na sentença máxima de seu  pecado, da idolatria e  da rebelião contra Deus.
Na escolha do nome do menino, nós vemos o contraste entre a graça e a lei. Se a lei diz que o salário do pecado é a morte, infortúnio; a graça diz que o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, boa sorte.
Isaías 53, versículo 11, afirma que o Servo de Deus, o Justo, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Ele nos justificou diante do pai. A morte não mais tem poder sobre nós, porque esse salário foi pago por Jesus. Em Cristo, Benoni foi chamado de Benjamim, e o nosso infortúnio transformou-se em boa sorte.

Vamos entregar diante dEle todos os nosso ídolos. 

Religião e o Evangelho

A religião prega salvação pelas obras;
O Evangelho, pela graça.
Quando a religião diz “faça!”,
Jesus diz: “está feito”.
A religião ensina a obedecer para ser aceito;
No Evangelho me alegro em obedecer porque já sou aceito.
O religioso obedece por medo de perder as bênçãos e a salvação;
O Cristão obedece motivado pelo desejo de agradar e se tornar mais semelhante àquele que sua vida entregou por nós.
A religião me faz sentir merecedor de uma vida feliz, e me deixa frustrado quando as coisas dão errado;
Jesus, no entanto, foi a única pessoa perfeita neste mundo, e teve uma vida de pobreza, rejeição e injustiças.
Sou tão falho que Jesus teve de morrer por mim;
Ainda, tão amado e valorizado que Jesus se alegrou em dar sua vida em meu lugar.
O Evangelho é a boa notícia que não sou salvo pelo meu histórico,
Mas sou salvo pelo histórico de Cristo. 

(Inspirado na leitura do capítulo 11 – Religião e Evangelho, do livro “Fé na Era do Ceticismo”, de Tim Keller.) 

Tempos de Calmaria para os Cristãos: Exceção, e Não a Regra

Em tempos de convulsão social no Brasil, é muito saudável olhar um pouco para a história e refletir.
               A crise que se instala em nosso país está longe de ser apenas um problema gerado pela má administração de nossa atual governante, ou pelas consequências naturais da bomba-relógio plantada pelas últimas gestões. Estamos vivendo uma crise de identidade, não somente no que diz respeito a quem somos como nação, mas também e, principalmente, acerca de quem somos como seres humanos.
As pessoas, mergulhadas em uma desorientação pós-modernista, caem no vazio do relativismo, e como cegos tentando encontrar algo palpável, batem umas nas outras sem saber se o que estão tocando é real, ou apenas mais um truque daquilo que se apresenta como verdadeiro, mas que não passa de mais uma verdade 'do outro'. 
Escreveu Francis Schaeffer: “Na ausência de universais (absolutos), o que resta é o silêncio”. E dentro do silêncio, o que há? Há uma sociedade onde as pessoas não conseguem conversar porque inexistem bases em comum para formar um exercício dialético. Parece que começamos a enxergar os nossos semelhantes como animais de outras espécies que querem devorar nossos filhotes para garantir a sobrevivência. A tolerância transformou-se em distância, e mesmo cercados de tanta gente (200 milhões no Brasil e 7 bilhões no mundo), tornamo-nos ilhas: ilhas de ideias e ideais, ilhas de possíveis absolutos incomunicáveis, ilhas de selvagens que caçam seu alimento e que enxergam qualquer aproximação como suspeita de roubo e assassinato.
A tolerância, enfim, se torna intolerância. Cada um tem sua verdade, que pode ser capaz de fazer as transformações necessárias para um "mundo melhor". Porém, são sempre soluções  centradas no homem. (Maldito o homem que confia no homem). E já está claro que é este o âmago da  perseguição iminente que a Igreja está para sofrer no Ocidente. Pregar o Evangelho, proclamar que há uma verdade inegociável à qual todos os homens devem se curvar, e ainda ousar dizer que são fadadas ao fracasso todas as ideologias que buscam findar a crise da humanidade no poder do próprio homem, são ações que  geram ódio contra a verdadeira Igreja de Cristo. E esse ódio certamente vai se desencadear em tempos de grande tribulação para a Igreja.
E o que faremos em relação a isso? Vamos nos alegrar! Que grande privilégio é ser perseguido por amor a Cristo! Jesus nos avisou: "Se me perseguiram, também perseguirão vocês" (João 15:20). E no sermão do monte, ele disse: "Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é o galardão de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês" (Mateus 5:12). Olhando para a história da Igreja, aprendemos que tempos de calmaria são a exceção, e não a regra para os Cristãos. 
          Em pulos históricos, percebemos isso: os apóstolos, os pais da Igreja e os reformadores todos sofreram perseguição, tendo sido muitos martirizados. O maior genocídio da história da humanidade foi na União Soviética, onde 12 milhões de Cristãos foram mortos pelo regime socialista. No entanto, por mais forte que sejam as lutas, o Cristão não precisa se angustiar com as batalhas temporais, pois sabemos que a guerra já está vencida. O nosso reino não é deste mundo. Continuamos lutando como peregrinos em uma terra estranha, sabendo que o destino final já nos é garantido. Fazendo uma analogia com o futebol, é como entrar em campo sabendo que o jogo é ganho, mas que é necessário correr e suar a camiseta para chegar ao gol. (Aliás, goal, do Inglês, objetivo).
Apenas para recapitular o nome e a vida de alguns dos Pais da Igreja, que viveram entre o século II e o século V, e aprendermos com sua perseverança:
- Inácio teve uma morte violenta, confessando que seu Senhor também sofreu assim para trazer salvação à humanidade perdida.
- O autor da Epístola a Diogneto assim escreveu: "Os cristãos mostram amor a todos os homens - e todos os homens os perseguem. Eles são mal compreendidos e condenados; mas por sofrerem a morte, são despertados para a vida. Eles são pobres, mas enriquecem a muitos; carecem de tudo, mas possuem tudo em abundância. São desonrados, mas tornados gloriosos em sua desonra; caluniados, mas vindicados. Eles pagam calúnia com bençãos e abuso com cortesia. Pelo bem que fazem, eles sofrem açoites como malfeitores; e, sob, os golpes, eles se regozijam como homens que receberam vida nova...
- Orígenes, o grande exegeta, quando em 249, um general romano chamado Trajano Décio desencadeou uma perseguição violenta contra a igreja,  foi detido, aprisionado e torturado. Sendo liberado com a morte do general, veio a morrer mais tarde pelos resultados das torturas,
- Cipriano teve de defender os Cristãos  das perseguições  que eram tão difusas quanto absurdas, ao ponto de serem acusados até de canibalismo, como uma interpretação distorcida da ordem do Senhor de “comer o seu corpo”e “beber o seu sangue”.
- Basílio de Cesaréia veio de uma família perseguida por causa do Cristianismo, filho de confessores e de mártires.
- Patrício, foi levado cativo para Irlanda, e lá feito escravo. Tendo a chance de retornar para Britânia, seu lar, decidiu voltar para a terra onde sofrera escravidão para salvar os irlandeses; o que lhe custou, no mínimo, como ele mesmo disse em sua Confissões, duas prisões e doze situações reais de morte.
Temos evidências de que a Igreja Brasileira está às portas de um  tempo de perseguição. Quão duradoura e quão severa será, não podemos dizer ainda. Talvez sejam perseguições judiciais, talvez até de ameaças de vida, ou então um forte desprezo social e marginalização. O importante é que estejamos intimamente ligados ao Pai, cheios do Espírito, reproduzindo o caráter do Filho em nossas vidas. O Deus Triúno derramará graça sem medida nos tempos de tribulação.
Eu vejo que, independente do que nos aguarda, é importante que nas próximas décadas a Igreja no Brasil invista na formação de líderes preparados, com extenso conhecimento e aprovados no caráter de Cristo. Quando todas as requisições de movimentos e ideologias que agora ecoam em nosso pátria tiverem sido colocadas em prática e se provarem insuficientes para construir um país justo, as pessoas estarão sedentas por respostas e abertas ao Evangelho; e teremos a grande chance de transformar o Brasil em uma nação verdadeiramente Cristã. 
Que o Senhor nos abençoe e olhe com alegria para sua Igreja.

FUNDAMENTOS DESTRUÍDOS - Por Henandes Dias Lopes

Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo? (Salmo 11:3)

Os historiadores dizem que o império romano só caiu nas mãos dos bárbaros porque já estava podre por dentro. O pecado é o opróbrio das nações. Uma nação não pode ser forte se destrói seus próprios fundamentos. Davi estava encurralado por terríveis inimigos. O escape parecia impossível. Os mais apressados diziam que o melhor era fugir para livrar-se das flechas, disparadas às ocultas contra o coração dos justos. O que fazer quando os fundamentos são destruídos? O que fazer quando os valores morais estão sendo tripudiados? O que fazer quando as autoridades constituídas, em vez de promover o bem e coibir o mal, promovem o mal e amordaçam o bem? O que fazer quando leis injustas e até imorais são criadas para conspirar contra valores que devem governar a família e a nação? Mesmo com a situação caótica, em vez de fugir covardemente, Davi reconheceu que Deus está no seu templo, assentado no trono, sondando os filhos dos homens, para derramar seu juízo sobre os ímpios e conduzir a glória dos justos. As crises da terra não abalam o trono de Deus. Mesmo quando as coisas parecem fora de controle, Deus continua no controle. Ainda que os fundamentos sejam destruídos, os justo não perecerão, mas contemplarão a face do Senhor. Os ímpios sofrerão a justa punição do seu erro, mas aqueles que confiam em Deus jamais serão abalados.
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Hernandes Dias Lopes é Pastor da 1a Igreja Presbiteriana de Vitória. Texto retirado do devocional "Gotas de Consolo para a Alma", do dia 26 de junho.

Cinco lições que o GPS me ensinou

Dois meses atrás, vim para o Rio de Janeiro. Ainda em Porto Alegre, coloquei minhas malas e pertences no bagageiro, certifiquei-me de informar o meu destino ao GPS, e, finalmente, dei a partida no carro. Não foi apenas uma viagem, mas o início de uma jornada de vida. No Rio darei continuidade aos meus estudos teológicos, serei preparado para servir com mais qualidade na obra de Deus, e terei a oportunidade de contribuir com o trabalho de um Pastor, amigo meu, em sua Congregação local.
Pois bem, peguei a estrada - tanto a federal como a da vida. A primeira parte do caminho eu conhecia muito bem e me dei o direito de não utilizar o auxílio da tecnologia via satélite. Desse fato eu não me atrevo a tirar nenhuma lição, mas apenas uma constatação - de que em certo período da vida, principalmente no início de nossa caminhada neste mundo, todos nos atrevemos a nos guiar pelo sentimento de que sabemos o que estamos fazendo para chegar onde queremos. É o desejo de independência que nos leva a uma falsa sensação de liberdade: conheço o meu destino e sei por onde ir. No entanto, essa segurança em pouco tempo se esvai, e aprendemos que não  podemos andar sozinhos.
Aqui eu começo a falar das cinco lições que o GPS me ensinou nessa viagem entre as capitais gaúcha e carioca.
1. Todos nós precisamos de um guia
Até os limites de Santa Catarina e Paraná, a estrada e as paisagens me eram muito familiares. Porém, me aproximando de São Paulo, cheguei ao ponto do caminho que pouco ou nada eu conhecia. Certamente, uma viagem dessa magnitude imita a vida. Em nossa caminhada, sempre haverá lugares nos quais poucas vezes ou nunca estivemos. Deparamo-nos com trevos e bifurcações, e se não tivermos auxílio de um guia, alguém que conhece bem o caminho, ficamos jogados a sorte, podemos tomar decisões desastradas e atrasar o itinerário. Aprendemos que tentar ler os sinais pode ajudar, mas não será o suficiente. Às vezes, simplesmente não conseguiremos ler as placas a tempo de tomar uma decisão segura, outras vezes, não saberemos interpretá-las sozinhos. Por isso, todos precisamos de um mentor, um conselheiro, alguém que caminha ao nosso lado para nos apontar o caminho e ajudar-nos a tomar as decisões na direção certa e no tempo certo. Jesus andou três anos lado a lado com seus discípulos, e durante esse tempo algo que os discípulos precisaram aprender foi a obedecer e a confiar: "Jogue as redes do outro lado"; “Vão ao povoado que está adiante de vocês"; "Não leveis bolsa, nem alforje, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho". Após ressuscitar, Jesus partiu, e prometeu estar conosco até a consumação dos séculos, deixando aos seus discípulos o consolador - o Espírito Santo, que os haveria de guiar.
2. Não coloque em dúvida as instruções
Chegando à capital paulista, onde nasci e vivi até os cinco anos de idade, me deparei com o emaranhado de faixas e saídas do Rodoanel, AutoBan e Margianl Tietê. O meu senso de direção me deixou em dúvida uma ou duas vezes sobre a instrução que o GPS estava me dando. Ao ter de tomar a decisão rapidamente, optei por obedecer, e... deu tudo certo. O autor da carta aos Hebreus, no cap. 13 - verso 7, nos ensina: "Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por nossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isso com alegria e não gemendo, porque isto não aproveita a vós outros". Que interessante essa última parte do versículo: o guia que geme, ou tem dificuldade para direcionar o seu discípulo, não é proveitoso. O maior interessado na alegria e na fluidez do relacionamento entre o guia e seu guiado deveria ser a segunda pessoa. E parece também, que é sobre essa, o guiado, que recai a responsabilidade do bom andamento nesse processo. O discípulo que nunca ouve conselhos é um rebelde sem solução. E o que está sempre inseguro é um peso para o seu guia. O discípulo que não tem conselheiros não amadurece, não aprende a tomar decisões, torna-se um eterno neófito e nunca faz outros discípulos.   Provérbios diz que “os planos falham por falta de conselho, mas são bem sucedidos quando há muitos conselheiros" (Pv. 15:22), e “na multidão de conselheiros há sabedoria" (14:11).
3. Se perder o sinal, tente reencontrá-lo o mais rápido possível.
Passei pela cidade de São Paulo e entrei na Via Dutra. Lá pelas tantas percebi que o GPS havia perdido a conexão do satélite. Esse problema eu geralmente resolvo facilmente desligando e religando o aparelho. Não o fiz. Rodei um bom trecho sem sinal. Lugares desconhecidos, estrada desconhecida, e lá pelas tantas comecei a ver placas não muito esclarecedoras. "Mas tudo bem", pensei eu, "é só ir reto"... A consequência só poderia ser uma - aquele pensamento: "será que não passei de uma das saídas corretas? ". De fato, perder a interação com o seu conselheiro te leva a um caminho de dúvida e insegurança. E, se nesse ínterim, tomou-se uma decisão precipitada, não há solução, senão voltar para onde errou. No meu caso, havia uma saída da Dutra que era muito larga e eu não sabia qual dos lados era a continuação da Rodovia. Como não tinha solucionado a tempo a perda de sinal do GPS, se tivesse ido pelo lado errado, teria pago o preço de tempo e combustível desperdiçados. É exatamente isso que uma decisão errada faz em nossas vidas: perdemos tempo, energia, e quando menos, pagamos com nossos bolsos. Portanto, para diminuir as chances de isso acontecer, devemos deixar o nosso GPS bem conectado ao Satélite Celestial.
4. Atalho não é sinônimo de melhor caminho
Chegando ao Estado do Rio, eu já havia sido avisado que o melhor caminho para entrar na cidade maravilhosa era pela Avenida Brasil. No entanto, o GPS me indicou a ir por dentro de um lugar chamado Seropédica. Bom, quem é do Rio provavelmente está rindo agora. Nada de indigno com a pequena cidade, mas a via que cruza o município para levar até a zona oeste do Rio é apertada, cheia de buracos e com grandes lombadas a cada esquina. Era o mais curto, mas definitivamente não era o melhor caminho. Pela velocidade média e cruzamentos que precisei atravessar, acabou esse atalho se tornando mais demorado e mais complicado. Aliás, no Rio de Janeiro, é muito comum o GPS levar motoristas para o meio de favelas perigosas utilizando o critério de "distância mais curta". 
5. Somente Cristo é o Guia perfeito
Pode parecer contraditório, depois de mostrar que foi importante ter confiado no GPS, eu estar dizendo agora que ele me levou a um caminho tortuoso no final de minha viagem. Pois é. Apesar de chegar bem e em segurança à Cidade Maravilhosa, aprendi que o GPS é uma ferramenta humana, passível de falhas, mal funcionamento e decisões não tão interessantes. E aqui entra a importância de lembrarmos que só Deus pode ser nosso guia perfeito. O Profeta Jeremias nos diz "O coração do homem é enganoso". E Provérbios alerta: "Há caminho que parece certo ao homem, mas o final conduz à morte" (Pv. 14:12). Não há ser humano nessa terra que possa nos dar a garantia de decisões totalmente livres de erros. Mas o bom conselheiro certamente nos ajudará a ficarmos ligados nAqule que não erra jamais, que tem a visão perfeita de todas as ruas, vias e bifurcações, e que nos livrará da armadilha dos atalhos aparentemente confiáveis. Jesus é esse guia, o GPS que nunca perde o sinal, o próprio Satélite, que conhece e viveu toda a jornada pela qual agora andamos, e sabe, melhor que nós mesmos, as veredas corretas para o destino que Ele quer nos levar.

A QUESTÃO DA HOMOFOBIA: PL 122, Casamento Gay, Genética, Feliciano, Malafaia, Ditadura Homossexual, Direitos Humanos, etc...

Meus pais e meus tios viveram a época da ditadura no Brasil. Eles contam que durante aquele período, tinham de tomar cuidado quando fizessem uma crítica contra o governo, e tinham de olhar em volta para ter certeza que não havia um militar escutando suas conversas. No Brasil de hoje, precisamos ter muito cuidado ao conversar em lugares públicos contra a prática homossexual. Um novo conceito, recentemente criado, chamado de homofobia, está querendo tipificar criminalmente qualquer opinião contrária ao homossexualismo, limitando o discurso e o direito à livre consciência. É exatamente isso que está tentando fazer o Projeto de Lei 122.
Em um país democrático de Direito, é realmente incrível que se cogita a possibilidade de criar uma lei que limita o nossa liberdade de opinião. O que dizer em relação a isso? Às vezes, penso que o silêncio contemplativo é a melhor reação contra o absurdo. Mas nesse caso, ainda há uma ponta de esperança se tivermos coragem de nos manifestarmos.
Eu digo uma “ponta de esperança” porque esta é uma batalha próxima de ser perdida. Os homossexuais controlam a mídia, estão no controle de muitas empresas que financiam candidatura de políticos importantes, e estão ferozmente organizados para não apenas defender aquilo que acham por direito, mas também para marginalizar aqueles que meramente manifestam opiniões contrárias às suas. Os Cristãos estão descobrindo que não há nada lá fora no mundo pós-moderno mais intolerante do que a tolerância.
Vivemos em uma geração pluralista, pós-cristã. Não temos como forçar que nossas ideias sejam aceitas e aplaudidas por todos os setores da sociedade. No entanto, uma coisa ainda podemos: lutar pelo direito de sermos ouvidos. 
Flutua no imaginário da ética popular que “se algo não prejudica os outros, ninguém tem nada a ver com o que eu faço ou deixo de fazer”. Assim, a maioria pensa que a sexualidade é questão de foro íntimo de cada pessoa. Mas não é isso que a realidade tem demonstrado.
A revista Época publicou uma reportagem que aponta um fato muito revelador sobre a criminalidade no Brasil: 80% dos jovens envolvidos no mundo do crime não tem o nome do pai na carteira de identidade.
Aí voltamos para a Bíblia, e temos uma compreensão mais concreta de uma norma social encontrada em Deuteronômio, que obriga o homem que seduz uma virgem a casar-se com ela. Trata-se de proteção à família, que, por sua vez, tem repercussão social. Em outras palavras, o comportamento sexual do indivíduo não é questão de foro íntimo, pois afeta a sociedade como um todo. E eu não estou nem falando do tema de homossexualidade na Bíblia, apenas sobre a questão do sexo anterior ao casamento.
Por isso, a possibilidade de “casamento” entre pessoas do mesmo sexo e adoção de crianças por esses “casais” é assunto público. A família é a base da sociedade. Não podemos perder o direito de debater abertamente sobre o tema. Qualquer mudança na lei acerca de normas que regulam a família deve ser amplamente investigada.
Não se pode, de jeito nenhum, querer calar os que são contrários à prática homossexual em uma suposta defesa das minorias. Formação familiar também é questão de Direitos Humanos. É possível sim debater sem se perder o respeito. E os ativistas GLBT necessitam aprender a viver democraticamente. Essas atitudes e discursos agressivos contra os que não concordam com suas ideias são uma barbárie sem precedentes.
Esses ativistas dos direitos gays devem entender que a guerra dos Cristãos não é contra os homossexuais, mas sim a favor de tudo aquilo que a Bíblia prega sobre sexualidade sadia. Sexo é para ser vivido por um homem e uma mulher dentro do casamento. Qualquer ato fora desse contexto é pecaminoso: fornicação, adultério, pornografia, homossexualismo,  poligamia, bestialidade, prostituição, etc...
É importante também citar a situação do Pastor e Deputado Marcos Feliciano, tão comentado e massacrado pela mídia ultimamente por ter sido escolhido para presidir a Comissão de Direitos Humanos no Congresso. O mais paradoxal é que muitos cristãos o têm criticado, simplesmente porque ele apresenta uma teologia tendente ao neo-petencostalismo e à prosperidade. Ora, ele certamente não é perfeito como pessoa e pode não o ser como teólogo, mas os cristãos deveriam se juntar a ele neste momento, pois, ao menos, está tendo coragem de se posicionar em favor dos valores familiares e enfrentado a fúria dos ativistas e da mídia homossexual.
Não sejamos ingênuos: a acusação de racismo contra Feliciano é manipulada para colocar a opinião pública contra ele. Ele gosta de mencionar a corrente teológica que entende as dificuldades do continente africano como consequência da maldição sobre os descendentes de Noé que acabaram por habitar aquele continente - que, por sinal, não é habitado só por negros. No entanto, ele ainda conclui que toda a maldição é quebrada na cruz de Cristo. Alexandre Garcia, importante comentarista político de nosso país (e que não é Cristão), se manifestou sobre o caso: “Se eu falasse as mesmas coisas sobre o continente sul-americano, ninguém estaria fazendo todo esse estardalhaço”.  
Os ativistas GLBT vão fazer de tudo para abafar a voz dos que são contrários às suas ideias. Isso é fato.
Outra mentira que deve ser combatida é a tese de que homossexualismo é congênito. A verdade é que não há um terceiro sexo. É xx ou xy. Ninguém nasce homossexual. Não é algo genético. Pode até haver várias causas para o homossexualismo: psicológica, hormonal, espiritual, emocional, social, educacional, etc... No entanto, da mesma maneira que há mais de cem anos a chamada “ciência” busca uma prova irrefutável para o mito da evolução, nunca irão encontrar um terceiro gênero. Querem que a sociedade aceite como fato científico crenças sem provas contudentes. É realmente muito confuso: os próprios ativistas GLBT são incoerentes, pois ora dizem que nasceram homoafetivos, e ora dizem que é questão de opção pessoal. Afinal, nasceram assim, ou escolheram ser assim? Nem mesmo eles sabem dizer.
Aliás, é muito difícil (para não dizer impossível) pregar sobre a ética cristã do sexo a uma geração que acredita que veio de um ancestral em comum do macaco. Se somos frutos da evolução, por que ficar tão preocupado com o certo e o errado? Afinal, nossos corpos se adaptariam à homossexualidade de uma maneira a dar continuidade à raça humana. Bom, ainda que o mito da evolução fosse um fato, pela própria tese evolucionista isso levaria milhares ou milhões de anos. Gente, não temos todo esse tempo! É interessante perceber como alguns realmente pensam que o homossexualismo está dentro do próximo passo de evolução humana. Dignos de pena.
Continuo chamando a atenção que a sociedade precisa examinar essas questões com mais cuidado. Existe muita coisa por trás de tudo isso. O Pastor e Psicólogo Silas Malafaia, em sua polêmica entrevista com Marília Gabriela (que só não o estripou para não sair presa dali), chama atenção para o fato de que mais de 40% dos homossexuais foram iniciados por meio de abuso durante sua minoridade. Já evangelizei homossexuais, e de três que abriram sua vida, dois confessaram ter sido abusados na pré-adolescência. Conheço um terapeuta familiar que me relatou que todos os homossexuais que passaram em seu consultório sofreram abuso na infância.
           Não estou dizendo aqui que uma pessoa por ser homossexual tem a tendência de cometer esse crime, e nem que todo pedófilo é homossexual - afirmar isso seria absurdo e inconsequente.  É bem provável que em números absolutos a maioria dos casos de pedofilia sejam cometidos por heterossexuais. Seja hetero ou seja homo, quem comete essa atrocidade é um criminoso perante a sociedade e espiritualmente carece de reconciliação com Deus, como qualquer outra pessoa. No entanto, o índice apresentado no parágrafo anterior é assustador e merece nossa reflexão. E trazer estas verdades à tona não faz de mim um homofóbico. Só estou relatando os fatos.
Aliás, falando em estatísticas e fatos, um estudo realizado na Bahia sobre os crimes de homofobia revelou que a maioria desses delitos são crimes passionais - de homossexuais contra homossexuais. Nenhum caso registrado teve motivações religiosas. Acho que o problema não são os evangélicos. Talvez os GLBT`s estejam escolhendo o inimigo errado.
E eu concordo: esse debate é, realmente, uma questão de Direitos Humanos. Trata-se do direito do ser humano de continuar existindo como espécie. Quer uma boa maneira de testar a ética de uma escolha? Leve sua decisão ao extremo. O casamento gay é algo tão contrário ao que é naturalmente bom, que se fosse levado a cabo, não nasceriam mais bebês, e em cem anos a raça humana estaria extinta. Seria irônico dar o direito à  réplica contra este argumento, porque isso é irrefutável. E se algum homo-descendente-de-macaco (homossexual que acredita no mito evolucionista) quiser falar de evolução, digo mais uma vez: não temos milhões de anos para resolver esse dilema. É um argumento hipotético e um tanto cômico; obviamente, nunca acontecerá de toda a humanidade aderir ao homossexualismo. Mas pense sobre isso: "Como pode ser eticamente bom  e correto algo que se fosse seguido por todos simplesmente acabaria com a humanidade?".
Convido-te também a fazer um pequeno exercício mental sobre indivíduos que você provavelmente conhece que passam por problemas na vida adulta por terem crescido em um lar disfuncional, ou seja, sem uma boa estrutura familiar. Pense nas consequências sociais que a relativização da estabilidade familiar tem trazido. Agora imagine como seria o mundo daqui a cem anos se o ser humano decidisse levar a sério o que a Bíblia fala sobre família e casamento.  Por mais que você possa dizer que isso não faria de nosso mundo um lugar perfeito, no íntimo você sabe que de maneira nenhuma atrapalharia a humanidade a desenvolver uma civilização mais pacífica e equilibrada.
Para finalizar, quero encorajá-lo a não se intimidar com ameaças. Fale. Fale com amor, com inteligência, no momento certo. Mas se você é contra o casamento gay, fale. Ainda somos maioria. Opinião colocada com respeito não é crime (pelo menos não era enquanto eu postava esse texto, me dando a garantia constitucional da irretroatividade da lei penal).
O Deputado e ativista GLBT Jean Wyllys (apenas um homem, que como você e eu, carece da glória de Deus) já deu entrevistas que não aceita a ideia de realizar um plebiscito sobre a legalização do casamento gay, porque, nas suas próprias palavras, “o brasileiro não está preparado para decidir sobre o assunto”. Ora, o Deputado está dizendo que os pais, as mães e os filhos do nosso Brasil não tem discernimento para decidir sobre assuntos familiares? Afirmo sem receio que eles têm muito mais que o Senhor Deputado. É óbvio que Jean Wyllys  sabe que a maioria dos brasileiros não apoia a ideia. Nesse ponto, ele apenas apresenta uma pequena dificuldade com o fato de viver em um país democrático.
Continuemos a orar pelo nosso Brasilzão! Não podemos perder o direito de debater democraticamente sobre o assunto. Que a graça e a misericórdia de Deus, através de seu Filho Cristo Jesus, e do Espírito Santo, continue a nos encher de intrepidez para sermos uma fonte de sabedoria e discernimento aos nossos compatriotas. E que o Senhor nos use para abrir os olhos de uma geração tão despreocupada com os preceitos do Criador para as nossas vidas - preceitos esses que são dados para nosso próprio bem.

Por que nossa Igreja adotou uma Escola


Servir a nossa vizinhança e abençoar a nossa comunidade tem um papel no evangelismo, ou é uma distração-desperdício de tempo e recurso? 

Para ser claro, Jesus estabeleceu a missão da Igreja em Atos 1:8: “Vocês serão minhas testemunhas”. Testemunhas tem uma mensagem para passar. O foco do nosso ministério, portanto, não é o que fazemos para este mundo, mas o que Jesus fez por ele. Perder isso de vista é perder o próprio evangelho de vista. No entanto, um testemunho convincente geralmente requer demonstrações tangíveis do poder que está sendo testemunhado. Jesus e os apóstolos davam sinais do evangelho como uma parte constante de sua pregação. Estes sinais eram mais que truques mágicos que  inspiravam admiração; eram “milagres com uma mensagem”. Da mesma maneira, nosso humilde espírito, nossa conduta gentil, e nossa generosidade extravagante devem todas apontar para o poder redentor e transformador do evangelho, levando os observadores a perguntarem “por que?”. O apóstolo Pedro chamou a atenção de seus leitores para se adornarem do evangelho pelas suas condutas a tal extensão que levasse seus observadores a se indagarem sobre a causa (1 Pe 2:12-3:17). 

Convicção
Em 2004, Deus convenceu nossa Igreja que não estávamos demonstrando a generosidade do Evangelho para a nossa comunidade. Eu estava ensinando o livro de Atos, e chegamos a Atos 8:6-8: “As multidões prestavam atenção com uma mente ao que Filipe dizia, enquanto ouviam e viam sinais que eles estavam fazendo... e como resultado havia muita alegria naquela cidade”. Então eu perguntei a nossa Igreja se havia “muita alegria” naquela cidade por causa de nossa presença. 
Li a história em Atos 9 acerca de Tabita, que tinha o apelido mais forte de todo o Novo Testamento, “Dorcas”. Ela tinha tantas boas obras e atos de caridade que quando ela morreu, um grupo de viúvas se reuniu ao lado de seu leito e pranteou. “Se a Igreja Summit morresse”, perguntei eu, “as pessoas necessitadas chorariam a nossa ida?”. 
Nós acreditamos que a resposta para estas perguntas era não. No máximo, nossa comunidade poderia ficar feliz porque reganhariam acesso a nossa propriedade livre de impostos e teriam menos um cartão de convite de Páscoa enchendo suas caixas de correio. 
Nós resolvemos que com a ajuda de Deus nos tornaríamos uma benção para nossa cidade – demonstrar o amor de Cristo para eles, trazer cura aos lugares em nossa cidade que mais precisavam.

Oportunidade
Logo depois, Deus chamou nossa atenção para uma escola pública fundamental que estava com  desempenho muito baixo. Era a escola  com pior posicionamento no ranking de nosso condado e estava prestes a ser fechada nos próximos dois anos. 
Durante os anos seguintes, nós conduzimos muitos projetos inovadores para aquela escola. Muitos começaram a serem tutores daquelas crianças. Grupos pequenos adotaram salas de aula, professores e refugiados, e encontraram as necessidades físicas de famílias na escola. Um casal que logo iria se casar em nossa igreja pediu que qualquer presente fosse redirecionado para uma família na escola cuja casa havia sido destruída num incêndio. 
À medida que aquele primeiro ano chegava ao fim, o Diretor perguntou se nós poderíamos orar pelas crianças durante os exames de fim de ano porque nossa escola seria avaliada principalmente pelas notas. Nós alegremente aceitamos. 
Lá pelo quarto ano de nosso envolvimento, a escola teve a mais alta porcentagem de crianças que passaram nos seus exames de final de ano de qualquer escola em nosso condado. E o diretor oficialmente creditou os esforços da igreja para melhorar a performance acadêmica da escola. 
No jantar de mestres, um dos professores disse: “Eu sempre soube que Cristãos acreditavam que se deve amar o próximo, mas eu nunca tinha visto como isso se parece até agora”. 

Frutos
Em 2010 eu fui convidado a falar no rally anual de nossa cidade. Foi um evento televisionado, e todas as autoridades da cidade e do condado estavam lá. Eles simplesmente me pediram para explicar por que nós pensamos ser importante amar a nossa comunidade.
Antes de o programa começar, eu fiquei de pé no backstage tão nervoso como Joel Osteen ficaria no “Together for the Gospel”. O administrador do condado, sentindo minha ansiedade, colocou as mãos em meus ombros e disse: “J.D., você sabe por que pediram que você falasse hoje”? Eu disse “Não, e se você pudesse me contar, ficaria muito agradecido, porque eu estou super nervoso”. Ele disse: “Todo lugar em nossa cidade em que nós vemos necessitados também encontramos  pessoas da Igreja Summit indo de encontro às necessidades. Não poderíamos pensar em uma maneira melhor de encorporar o espírito de irmandade em nossa cidade que tendo vocês da Igreja Summit aqui consoco”. 

Substanciando a mensagem pregada, não entenda mal: palavras do evangelho e obras do evangelho nem sempre provocam aplausos. Na maior parte do tempo, de fato, produzem exatamente o oposto. Jesus prometeu  que teríamos encrencas neste mundo por segui-lo. Ainda, há uma lição simples aqui: obras conduzidas pelo Evangelho cooperam de forma prática com a mensagem pregada
Elas a fazem visível e compreensível. Geram sedem pela mensagem. Nossa generosidade nos provê  com uma oportunidade de pregar o Evangelho.

Nossa bondade para as pessoas da cidade é, claro, apenas uma sombra da grande bondade de Jesus por nós. Mas nós acreditamos que temos ajudado pessoas em  nossa cidade  a entenderem mais como é Jesus. Essas ações tem ajudado a gerar mais fome pelo Evangelho.

A obra da igreja local é proclamar o Evangelho e fazer discípulos. Mas o testemunho eficaz dos Cristãos deve conter tanto palavras como feitos. Sem palavra, não há Evangelho. Sem obras, falhamos em confirmar nosso testemunho com nossas vidas. Como Francis Shaeffer famosamente disse, o amor demonstrado dentro e pela Igreja de Cristo é a “defesa final da fé” para um mundo cético.

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J.D Greear é o pastor principal da Igreja Summit em Durham, Carolina do Norte. Ele é autor de “Quebrando o Código Islâmico” e “Evangelho”.

Artigo original em www.thegospelcoalition.org.

A Tragédia de Santa Maria, a Chacina dos Galileus e a Torre de Siloé


A tragédia de Santa Maria, que até o início da noite deste domingo contabilizava 233 mortos, chocou o estado do Rio Grande do Sul, o país e o mundo. A notícia correu por jornais estrangeiros. Pessoas importantes do Brasil inteiro publicaram suas mensagens de conforto aos amigos e familiares das vítimas. Até artistas internacionais, como Lady Gaga, manifestaram sua solidariedade. 
Em ocorrências como esta, logo começa a busca pelos culpados, e após a urgência do socorro imediato das vítimas, é feita a apuração dos fatos para determinar os responsáveis. Em meio a tantas dúvidas e incertezas, é comum seguir-se também um julgamento moral e espiritual sobre as próprias vítimas.
O tema “culpa e calamidade” envolve uma presunção de que uma grande tragédia deve de alguma maneira significar uma grande culpa, assumindo que uma vítima tenha feito algo terrível para Deus permitir que algo ruim viesse acontecer com ela. 
Jesus foi confrontado com esse tipo de questionamento. Em Lucas 13, algumas pessoas lhe contaram  sobre o que Pilatos teria feito a alguns galileus, quando os matou e misturou o próprio sangue das vítimas com o dos sacrifícios que eles ofereciam.  Uma analogia contemporânea seria um culto interrompido por vândalos que cortassem a garganta dos adoradores e derramassem o sangue na taça da comunhão. Sobre a notícia que veio da Galiléia, Jesus falou:  "Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão”. 
O Senhor ainda invoca outro acontecimento trágico de sua época, que havia ocorrido no sul de Jerusalém - a queda acidental da torre de Siloé*, que matou mais de uma dezena de pessoas: “Ou vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?”. Cristo, então, repete a mesma advertência: “Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão".
Jesus, conhecendo a mente daqueles que lhe trouxeram o relato acerca dos galileus mortos durante o sacrifício, responde como se a questão fosse relacionada ao estado pecaminoso das vítimas. Em uma virada inteligente, ele desvia o foco diretamente para seus interrogadores, deixando claro que a questão mais importante e urgente não era uma explicação para os motivos pelos quais Deus permitira que coisas horríveis acontecessem a pessoas inocentes. Ao invés disso, Jesus queria que eles olhassem para dentro de suas próprias almas. 
De igual modo, o motivo pelo qual Deus permitiu que tal coisa acontecesse em Santa Maria não pertence a nós. Também não é mais de nossa conta o destino dos jovens que lá faleceram. E não cabe a nós, Cristãos, querer condená-los ao fim que lhes sobreveio porque estavam se divertindo  em uma casa noturna. 
O alerta que Jesus nos faz, em meio às introspectivas de tal tragédia, é este: “Os jovens de Santa Maria não eram mais pecadores que nenhum de nós. Mas se não nos arrependermos, também pereceremos”. 
A Bíblia nos diz que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus. Paulo afirmou sua condição chamando-se a si próprio de o mais miserável dos pecadores. Todos nós pecamos, e nenhum entre nós é menos pecador que os jovens vitimados no interior gaúcho.
Na passagem de Lucas 13, Jesus não está de modo algum dizendo que a falta de arrependimento levaria os seus ouvintes a morrer em uma chacina, ou na queda de uma edificação. E não significa que os ímpios morrerão em um incêndio. O Senhor está fazendo um alerta à realidade do inferno e da segunda morte - a separação eterna de Deus. Ninguém se engane, o inferno é real -  Jesus muitas vezes falou sobre ele. É o destino de todos os que não ouvem o chamado de arrependimento: ali haverá choro e ranger de dentes, um lago de fogo e enxofre onde os vermes comem a carne que não se consome. 
A tragédia de Santa Maria é um alerta para a necessidade urgente da proclamação do Evangelho, a fim de livrar almas do inferno, e de trazer sentido à vida de milhões de jovens que procuram preencher o seu vazio na alegria superficial do entretenimento contínuo. Vazio este que só pode ser preenchido pela glória de Deus e pela alegria de conhecer o seu Criador. É também um chamado para analisarmos a necessidade de arrependimento diário em nossas vidas, uma mudança de mente que faça o nosso caráter mais parecido com o de Jesus. 

Que o Senhor Deus console aos amigos e familiares das vítimas do incêndio da Boate Kiss. Seja a faísca que iniciou o incêndio a mesma que virá a acender um grande avivamento espiritual naquela cidade, trazendo a cada pessoa a revelação da pessoa de Cristo e consequente vida de arrependimento diante de Deus. 

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* http://en.wikipedia.org/wiki/Tower_of_Siloam