A Sutil Idolatria de Raquel



O capítulo 31 de Gênesis conta a história do retorno de Jacó para a casa de seus pais, levando consigo a família que constituira e toda a riqueza adquirida através do trabalho prestado a Labão. Ao se dar conta da partida, seu sogro começa uma perseguição; porém, é avisado por Deus que não falasse nem bem nem mal.
Tendo sido alcançado por Labão, que reclamava a falta de seus deuses-lar, Jacó o autoriza a procurar os ídolos em meio aos pertences que estavam sendo levados na viagem, e declara: “Não viva aquele com quem achares os teus deuses”; conforme prescreviam os costumes e a lei da época para punir o crime de roubo. Raquel, então, para não ser descoberta, coloca-os por debaixo da sela do camelo, e diz não poder se levantar por estar nos dias de regras.
Romanos 6:23 nos diz que o salário do pecado é  a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus. Com a entrada do pecado na humanidade, todos nós constituímos ídolos que tomam o lugar de Deus. A sentença que Jacó pronunciou contra Raquel, sem saber que ela havia furtado aqueles ídolos enquanto Labão tosquiava as ovelhas, se estende a todos nós: não viva aquele com quem se achar deuses estranhos. 
Alguns comentaristas bíblicos dizem que esses deuses-lar  davam direito de herança ao genro que  os tivesse em sua posse. Pode-se, então, analisar a situação por três aspectos: Raquel furtou aqueles ídolos porque era devota deles; Raquel os tomou como uma forma de apego a sua família e a sua terra; Raquel procurava a segurança jurídica que aqueles ídolos  proporcionavam a ela e ao seu marido.
Qualquer que seja a alternativa, Raquel cometeu o pecado da idolatria, pois tirou o Deus verdadeiro do centro de sua vida, substituindo-o por outros. Ou ela estava adorando os deuses que as imagens representavam, ou estava venerando sua família e o apego as suas origens, ou ela estava confiando na segurança jurídica e financeira daqueles artefatos.
Raquel é a síntese da sutileza da idolatria. Trazemos para nossas vidas ídolos para carregar na jornada quando ninguém está olhando, tentamos esconder os reais motivos para nós mesmos, e fazemos questão de descansar escondendo-os dos outros.
Gênesis 35 relata o cumprimento da maldição de Jacó sobre Raquel, que morre durante o parto de seu segundo filho. Ela quer chamar a criança de Benoni, ou seja, ‘infortúnio’. Mas Jacó lhe dá o nome de Benjamim, que significa ‘boa sorte’. O patriarca profetiza, assim, tanto para sua esposa como para toda a humanidade, que há esperança para o pecador até mesmo na sentença máxima de seu  pecado, da idolatria e  da rebelião contra Deus.
Na escolha do nome do menino, nós vemos o contraste entre a graça e a lei. Se a lei diz que o salário do pecado é a morte, infortúnio; a graça diz que o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, boa sorte.
Isaías 53, versículo 11, afirma que o Servo de Deus, o Justo, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Ele nos justificou diante do pai. A morte não mais tem poder sobre nós, porque esse salário foi pago por Jesus. Em Cristo, Benoni foi chamado de Benjamim, e o nosso infortúnio transformou-se em boa sorte.

Vamos entregar diante dEle todos os nosso ídolos. 

Religião e o Evangelho

A religião prega salvação pelas obras;
O Evangelho, pela graça.
Quando a religião diz “faça!”,
Jesus diz: “está feito”.
A religião ensina a obedecer para ser aceito;
No Evangelho me alegro em obedecer porque já sou aceito.
O religioso obedece por medo de perder as bênçãos e a salvação;
O Cristão obedece motivado pelo desejo de agradar e se tornar mais semelhante àquele que sua vida entregou por nós.
A religião me faz sentir merecedor de uma vida feliz, e me deixa frustrado quando as coisas dão errado;
Jesus, no entanto, foi a única pessoa perfeita neste mundo, e teve uma vida de pobreza, rejeição e injustiças.
Sou tão falho que Jesus teve de morrer por mim;
Ainda, tão amado e valorizado que Jesus se alegrou em dar sua vida em meu lugar.
O Evangelho é a boa notícia que não sou salvo pelo meu histórico,
Mas sou salvo pelo histórico de Cristo. 

(Inspirado na leitura do capítulo 11 – Religião e Evangelho, do livro “Fé na Era do Ceticismo”, de Tim Keller.)