Cinco lições que o GPS me ensinou

Dois meses atrás, vim para o Rio de Janeiro. Ainda em Porto Alegre, coloquei minhas malas e pertences no bagageiro, certifiquei-me de informar o meu destino ao GPS, e, finalmente, dei a partida no carro. Não foi apenas uma viagem, mas o início de uma jornada de vida. No Rio darei continuidade aos meus estudos teológicos, serei preparado para servir com mais qualidade na obra de Deus, e terei a oportunidade de contribuir com o trabalho de um Pastor, amigo meu, em sua Congregação local.
Pois bem, peguei a estrada - tanto a federal como a da vida. A primeira parte do caminho eu conhecia muito bem e me dei o direito de não utilizar o auxílio da tecnologia via satélite. Desse fato eu não me atrevo a tirar nenhuma lição, mas apenas uma constatação - de que em certo período da vida, principalmente no início de nossa caminhada neste mundo, todos nos atrevemos a nos guiar pelo sentimento de que sabemos o que estamos fazendo para chegar onde queremos. É o desejo de independência que nos leva a uma falsa sensação de liberdade: conheço o meu destino e sei por onde ir. No entanto, essa segurança em pouco tempo se esvai, e aprendemos que não  podemos andar sozinhos.
Aqui eu começo a falar das cinco lições que o GPS me ensinou nessa viagem entre as capitais gaúcha e carioca.
1. Todos nós precisamos de um guia
Até os limites de Santa Catarina e Paraná, a estrada e as paisagens me eram muito familiares. Porém, me aproximando de São Paulo, cheguei ao ponto do caminho que pouco ou nada eu conhecia. Certamente, uma viagem dessa magnitude imita a vida. Em nossa caminhada, sempre haverá lugares nos quais poucas vezes ou nunca estivemos. Deparamo-nos com trevos e bifurcações, e se não tivermos auxílio de um guia, alguém que conhece bem o caminho, ficamos jogados a sorte, podemos tomar decisões desastradas e atrasar o itinerário. Aprendemos que tentar ler os sinais pode ajudar, mas não será o suficiente. Às vezes, simplesmente não conseguiremos ler as placas a tempo de tomar uma decisão segura, outras vezes, não saberemos interpretá-las sozinhos. Por isso, todos precisamos de um mentor, um conselheiro, alguém que caminha ao nosso lado para nos apontar o caminho e ajudar-nos a tomar as decisões na direção certa e no tempo certo. Jesus andou três anos lado a lado com seus discípulos, e durante esse tempo algo que os discípulos precisaram aprender foi a obedecer e a confiar: "Jogue as redes do outro lado"; “Vão ao povoado que está adiante de vocês"; "Não leveis bolsa, nem alforje, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho". Após ressuscitar, Jesus partiu, e prometeu estar conosco até a consumação dos séculos, deixando aos seus discípulos o consolador - o Espírito Santo, que os haveria de guiar.
2. Não coloque em dúvida as instruções
Chegando à capital paulista, onde nasci e vivi até os cinco anos de idade, me deparei com o emaranhado de faixas e saídas do Rodoanel, AutoBan e Margianl Tietê. O meu senso de direção me deixou em dúvida uma ou duas vezes sobre a instrução que o GPS estava me dando. Ao ter de tomar a decisão rapidamente, optei por obedecer, e... deu tudo certo. O autor da carta aos Hebreus, no cap. 13 - verso 7, nos ensina: "Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por nossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isso com alegria e não gemendo, porque isto não aproveita a vós outros". Que interessante essa última parte do versículo: o guia que geme, ou tem dificuldade para direcionar o seu discípulo, não é proveitoso. O maior interessado na alegria e na fluidez do relacionamento entre o guia e seu guiado deveria ser a segunda pessoa. E parece também, que é sobre essa, o guiado, que recai a responsabilidade do bom andamento nesse processo. O discípulo que nunca ouve conselhos é um rebelde sem solução. E o que está sempre inseguro é um peso para o seu guia. O discípulo que não tem conselheiros não amadurece, não aprende a tomar decisões, torna-se um eterno neófito e nunca faz outros discípulos.   Provérbios diz que “os planos falham por falta de conselho, mas são bem sucedidos quando há muitos conselheiros" (Pv. 15:22), e “na multidão de conselheiros há sabedoria" (14:11).
3. Se perder o sinal, tente reencontrá-lo o mais rápido possível.
Passei pela cidade de São Paulo e entrei na Via Dutra. Lá pelas tantas percebi que o GPS havia perdido a conexão do satélite. Esse problema eu geralmente resolvo facilmente desligando e religando o aparelho. Não o fiz. Rodei um bom trecho sem sinal. Lugares desconhecidos, estrada desconhecida, e lá pelas tantas comecei a ver placas não muito esclarecedoras. "Mas tudo bem", pensei eu, "é só ir reto"... A consequência só poderia ser uma - aquele pensamento: "será que não passei de uma das saídas corretas? ". De fato, perder a interação com o seu conselheiro te leva a um caminho de dúvida e insegurança. E, se nesse ínterim, tomou-se uma decisão precipitada, não há solução, senão voltar para onde errou. No meu caso, havia uma saída da Dutra que era muito larga e eu não sabia qual dos lados era a continuação da Rodovia. Como não tinha solucionado a tempo a perda de sinal do GPS, se tivesse ido pelo lado errado, teria pago o preço de tempo e combustível desperdiçados. É exatamente isso que uma decisão errada faz em nossas vidas: perdemos tempo, energia, e quando menos, pagamos com nossos bolsos. Portanto, para diminuir as chances de isso acontecer, devemos deixar o nosso GPS bem conectado ao Satélite Celestial.
4. Atalho não é sinônimo de melhor caminho
Chegando ao Estado do Rio, eu já havia sido avisado que o melhor caminho para entrar na cidade maravilhosa era pela Avenida Brasil. No entanto, o GPS me indicou a ir por dentro de um lugar chamado Seropédica. Bom, quem é do Rio provavelmente está rindo agora. Nada de indigno com a pequena cidade, mas a via que cruza o município para levar até a zona oeste do Rio é apertada, cheia de buracos e com grandes lombadas a cada esquina. Era o mais curto, mas definitivamente não era o melhor caminho. Pela velocidade média e cruzamentos que precisei atravessar, acabou esse atalho se tornando mais demorado e mais complicado. Aliás, no Rio de Janeiro, é muito comum o GPS levar motoristas para o meio de favelas perigosas utilizando o critério de "distância mais curta". 
5. Somente Cristo é o Guia perfeito
Pode parecer contraditório, depois de mostrar que foi importante ter confiado no GPS, eu estar dizendo agora que ele me levou a um caminho tortuoso no final de minha viagem. Pois é. Apesar de chegar bem e em segurança à Cidade Maravilhosa, aprendi que o GPS é uma ferramenta humana, passível de falhas, mal funcionamento e decisões não tão interessantes. E aqui entra a importância de lembrarmos que só Deus pode ser nosso guia perfeito. O Profeta Jeremias nos diz "O coração do homem é enganoso". E Provérbios alerta: "Há caminho que parece certo ao homem, mas o final conduz à morte" (Pv. 14:12). Não há ser humano nessa terra que possa nos dar a garantia de decisões totalmente livres de erros. Mas o bom conselheiro certamente nos ajudará a ficarmos ligados nAqule que não erra jamais, que tem a visão perfeita de todas as ruas, vias e bifurcações, e que nos livrará da armadilha dos atalhos aparentemente confiáveis. Jesus é esse guia, o GPS que nunca perde o sinal, o próprio Satélite, que conhece e viveu toda a jornada pela qual agora andamos, e sabe, melhor que nós mesmos, as veredas corretas para o destino que Ele quer nos levar.