Um pouco de Lutero

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Em sua carta "Sincera admoestação a todos os Cristãos", Lutero faz uma observação muito sábia a respeito de como devemos corrigir aqueles que estão incorrendo em erro, porém estariam totalmente dispostos a aprender. Ele usa um conselho de Paulo e outro de Pedro:

"Acolham com bondade aquele que é fraco na fé" (Rm 14:1);
"Estejam sempre prontos a responder a todos aqueles que lhes pedem razões de sua esperança; mas façam isso com doçura e respeito". (I Pe 3:15-16).

Explica que devemos combater duramente a doutrina dos mentirosos e tiranos obstinados que não querem ouvir. Mas os simples que aqueles mantém acorrentados com as cordas de seus ensinamentos devem ser tratados de maneira diferente, desamarrando com precaução e doçura os nós dessa doutrina humana.

Lutero propõe uma parábola que traz vida ao que está sendo ensinado:

"Suponhamos que seu irmão esteja em perigo, amarrado com uma corda que seu inimigo lhe passou em volta do pescoço. Você, louco como é, fica furioso com a corda e com o inimigo; precipita-se, puxa a corda com todas as forças ou procura cortá-la com uma faca: não arrisca desse modo estrangular seu irmão ou matá-lo com uma facada e causar-lhe maior dano que a corda e o inimigo? Se quiser realmente socorrê-lo, deve agir dessa maneira: pode recriminar o inimigo ou bater nele com dureza; mas a corda, deve manejá-la com doçura e precaução, até que tenha tirado do pescoço de seu irmão, a fim de não estrangulá-lo".

A carta, então, é bondosamente finalizada com uma doce e respeitosa admoestação de Lutero:

"... guardemo-nos de toda revolta e de todo escândalo para que a santa palavra de Deus não seja profanada por nós mesmos. Amém."