BUSQUEM O SHALOM DA CIDADE

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"E estas são as palavras da carta que Jeremias, o profeta, enviou de Jerusalém, aos que restaram dos anciãos do cativeiro, como também aos sacerdotes, e aos profetas, e a todo o povo que Nabucodonosor havia deportado de Jerusalém para Babilônia:... procurai a paz da cidade, para onde vos fiz transportar em cativeiro, e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz".  Jeremias 29:1 e 7


Temos um compromisso com nossa cidade. Esse compromisso de buscar o bem da comunidade em que vivemos é nos dado por Deus. Portanto, não é opcional. Precisamos admitir que pouco se fala nas igrejas brasileiras sobre justiça social, e temos uma visão ainda limitada sobre o tema. Uma rápida pesquisa em Inglês me fez perceber como nossos irmãos de língua Inglesa levam mais a sério esse chamamento. O que fazer, então, para avançarmos nesse ministério, nesse serviço?
É bom que se leia o capítulo 29 de Jeremias tendo em mente que o profeta estava falando para a geração arrancada de Israel e levada para um país estranho, pagão, idólatra e conhecido por sua grande imoralidade. Qualquer semelhança com a sua e a minha vida não é mera coincidência. A história de Israel é uma figura da vida de todo crente. Nós somos peregrinos em terra estranha, terra de homens que odeiam a Deus. 
Vivemos os últimos dias, aqueles nos quais Paulo alertou a Timóteo que seriam trabalhosos devida à existência de homens avarentos, soberbos e profanos; dos quais Jesus também falou que o amor se esfriaria devido a iniquidade multiplicada. São estes dias que somos chamados a remir. Buscar o shalom de nossa cidade é parte desse chamado. 
A palavra shalom, usada por Jeremias, é uma palavra que não pode ser literalmente traduzida em nosso idioma. Usualmente interpretada como paz, pode ser também entendida como bem, ou bem-estar. Tim Keller, no seu livro Generous Justice, falando de uma perspectiva mais existencial e pessoal, explica shalom como o estado de paz produzido pela consciência que está tranquila com seus próprios princípios. O termo é rico e passa também a ideia de completude, saúde, paz e prosperidade. Aí nós percebemos como é grande e ampla a missão de trazer shalom à nossa cidade. 
Não, não estamos falando apenas de evangelizar. Estamos falando de trabalhar para a nossa cidade. Serviços que abençoam todas as áreas da vida da comunidade: social, estética, psíquica e, não menos, espiritual. A Igreja deve caminhar carregando a cruz em uma das mãos e uma toalha na outra. Isso significa dizer que devemos andar por aí proclamando o evangelho, mas também olhando para as necessidades físicas e econômico-sociais das pessoas. Cuidar desses aspectos exteriores nos abre a porta para tratar o interior, sermos ouvidos e pregar o evangelho da salvação.  
O jovem Spurgeon, ao chegar em Londres pela primeira vez, ficou chocado com a pobreza e o abandono das crianças. Quando fundou o Metropolitan Tabernacle, sua congregação já ficava aberta das 7h às 23h para prestar programas aos necessitados. Ele fundou e administrou 65 instituições sociais, entre orfanatos, casas para mães solteiras e outros serviços de cuidados pessoais. Por sua vez, John Wesley, que dizia “a minha paróquia é o mundo!”, também afirmou que a igreja que não fazia diferença na sociedade não tinha o direito de existir. A maioria das nossas igrejas está ciente do ministério da cruz, mas se omite no usar da toalha. 
Buscar o shalom da cidade é investir nela e promover justiça social. É amparar o órfão e a viúva em suas necessidades, vivendo o que Tiago chama de “religião pura e verdadeira”. Tim Keller, na mesma obra citada acima, nos recorda do quarteto vulnerável de Zacarias 7:10 - “Isto é o que o Senhor diz: administre a justiça, mostre misericórdia e compaixão um para com o outro. Nào oprima a viúva ou o órfão, o pobre e o imigrante”. 
Ação Social não é coisa de ONGs ou de espíritas. Fazer o bem a todos é obrigação do crente. Leia os profetas e veja como Jeová abomina a injustiça social. “O que farei para herdar a vida eterna?”, perguntou o intérprete da lei; ao que Jesus contou a parábola do bom samaritano e respondeu: “vai tu e faze o mesmo”. Corra seus olhos nessa parábola e aprenda que acudir o necessitado faz parte do estilo de vida daquele que é realmente salvo. 
Omitir-se no exercício da misericórdia é pecado. A Igreja que não investe em obras sociais peca por omissão. E com isso perde, pois como Jeremias fala, na paz da cidade vós tereis paz. 
Tem crente que acha que cristão não deveria se envolver com política. Mas a verdade é que precisamos orar por mentes cristãs, verdadeiramente piedosas e convertidas, dentro de nosso Congresso, de nossas prefeituras, nos conselhos tutelares. Temos de formar a mentalidade de nossos jovens abrindo escolas, creches e faculdades. Atender a saúde, cuidar da vizinhança e manter a limpeza são também maneiras de trazer shalom sobre nossa cidade.
Continue lendo o capítulo 29 de Jeremias e verás que grandes bênçãos decorrem de   atendermos a voz de Deus.  Dos versos 10 ao 14 podemos ler: 

"Porque assim diz o SENHOR: Certamente que passados setenta anos em Babilônia, vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar. Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Então me invocareis, e ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração. E serei achado de vós, diz o SENHOR".

O salmista nos diz que 70 são os anos de nossa vida em plenitude. Mais uma vez, somos apenas peregrinos em um cativeiro que não é a nossa terra. Nesta terra vamos edificar nossas casas e habitá-las; plantar jardins e comer do seu fruto; buscar shalom de nossa cidade, e na sua paz encontrar a nossa paz. E vejamos, assim, cumprida em nós a boa palavra do Senhor.

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*Na foto, visão noturna do Mercado Público - área central de Porto Alegre.

EMBAIXADORES - Por John Macarthur


Um embaixador é alguém que representa um governador e entrega a mensagem em defesa do governador. O embaixador recebe honra não por causa de seus próprios méritos, mas por causa daquele a quem ele representa. Por conseguinte, é a importância da missão, o peso da mensagem, a eminência e excelência daquele a quem representamos que dá a todo cristão a posição de um embaixador. 
Um bom embaixador não maquia a mensagem por sua própria conta e risco. Ele é comissionado para ser o portador da mensagem de outro e de entregá-la fielmente. Ele não é autorizado a alterar a mensagem em qualquer aspecto. Ele não pode enfeitá-la com suas própria opiniões. Ele fala invenstido de autoridade superior e é responsável por entregar a mensagem de forma inalterada.
Do mesmo modo, desdenhar ou maltratar um embaixador é insultar o governador em nome do qual ele fala. Mandá-lo embora é cortar relações com o governante que ele representa. Um embaixador é, essencialmente, a voz do governador. Ele nunca oferece suas próprias promessas, nem reclama seus próprios privilégios; mas fala em benefício de seu governador. Sua própria autoridade é derivada de seu chefe de Estado, e por isso, rejeitar o embaixador é rejeitar aquele que o enviou. 
Por definição, um embaixador serve em terra estrangeira. Ele dedica sua vida como um estrangeiro e um estranho. Ele tem de falar uma língua diferente. Ele tem de interagir com uma cultura e tradição diferentes, e se adaptar a um estilo de vida diferente. Essas são analogias relevantes que nos ajudam a entender o chamado e a tarefa dos cristãos como embaixadores.
Como embaixadores do Reino de Deus, os cristãos vivem e servem em um mundo estranho. Paulo diz que o crente vem com a autoridade de seu Rei, representando seu Reino. Ele vem com a palavra da Reconciliação que vem da corte celeste para convidar as pessoas a reconciliar-se com Deus. 
Essa perspectiva deve formar nossa visão de mundo como cristãos: fomos reconciliados com Cristo e retirados do mundo da humanidade pecadora, e, apesar disso, Ele quer que nós permaneçamos neste mundo  como “peregrinos e forasteiros” (I Pe 2:11; cf Hb 11:13). Servimos como embaixadores de Deus, comissionados por Ele para proclamar a mensagem da reconciliação a outras criaturas decaídas. Este é o nosso principal dever e isso deve moldar toda nossa perspectiva de mundo. 

Do livro Pense Biblicamente - Recuperando a Visão Cristã de Mundo, de John Macarthur.

Fé: o paladar do espírito

“O seu fruto é doce ao meu paladar”. Cantares 2:3

Fé, nas Escrituras, é tratada sob o emblema de todos os sentidos. É visão: “Olhe para mim e serás salvo”.  É audição: “Ouça, e tua alma viverá”. É olfato: “Todas as tuas vestes cheiram a mirra, aloés e cássia”;  “Suave é o aroma dos teus unguentos, como o unguento derramado é o teu nome”. Fé é tato espiritual. Por esta fé a mulher veio por de trás e tocou as vestiduras de Cristo, e por esta fé nós manuseamos as coisas da boa palavra da vida. Fé é, igualmente, o paladar do espírito. “Quão doces são tuas palavras ao meu paladar! Sim, mais doce que mel em meus lábios”. “Se não comerdes da minha carne,” diz Cristo, “e beber do meu sangue, não tereis vida em vós mesmos”. 
Este “paladar” é a fé em uma de suas mais altas operações. Uma das primeiras performances da fé é a “audição”. Nós ouvimos a voz de Deus, não com os ouvidos externos somente, mas com nossos ouvidos internos; nós a ouvimos como Palavra de Deus, e acreditamos nela; essa é a "audição" da fé. Então nossa mente olha para a verdade como nos é apresentada; pode-se dizer que nós entendemos, nós percebemos seu significado; essa é a “visão”. Próximo, nós encontramos sua preciosidade; nós começamos a admirá-la, e descobrimos sua fragrância; essa é a fé em seu “olfato”. Então, nos apropriamos das misericórdias que são preparadas para nós em Cristo; esta é a fé em seu “tato”. Assim segue a alegria, a paz, o prazer e a comunhão; que são fé em seu “paladar”. Qualquer um desses atos de fé traz salvação. Ouvir a voz de Cristo como a certa voz de Deus na alma irá nos salvar; mas o que dá verdadeiro gozo no aspecto da fé em Cristo é o gosto santo produzido pela compreensão interna e espiritual da doçura e preciosidade de sua Palavra, feita para ser alimento de nossas almas . É então que sentamos “debaixo da sombra com grande prazer”, e encontramos seu doce fruto em nosso paladar. 

Devocional Matutina de 25 de agosto, por Charles Spurgeon.

Evolução: O Mito Americano Sobre a Origem da Vida

Se quiseres fazer um estudo antropológico a respeito de uma nação, um povo, ou uma tribo, além de se inserir no dia-a-dia e aprender a língua dessas pessoas, comece aprendendo sobre como elas acreditam que o ser humano veio à existência. Não se trata puramente de ciência biológica. A crença de um povo sobre a origem do homem revela seus valores morais e éticos mais profundos e enraizados. 
A Bíblia diz que “Deus colocou a eternidade no coração do homem”. Assim, o ser humano quer não apenas conhecer o que está além desta vida visível, ou para onde irá, mas também é incansável na busca da eternidade anterior a ele, ou seja, de onde veio. Por isso, todo povo tem sua própria narrativa acerca de como tudo começou.  O tema é tão importante que a ciência tomou para si  a responsabilidade de dar um veredito final sobre o assunto. O que pouco se fala, no entanto, é que a origem da vida tem implicações maiores do que a biologia possa alcançar. A crença sobre o princípio do homem  está intimamente ligada à formação de valores de um povo, bem como à designação do papel de cada indivíduo na sociedade; ela torna-se a base sustentadora de uma cultura. Essa é a razão pela qual escolas, igrejas, universidades, ou quaisquer outras instituições que tem papel formador do indivíduo colocam essa matéria como algo a ser tratado, debatido e ensinado.
Ronaldo Lidório*, que passou oito anos em Gana, vivendo em meio aos Konkombas, conta o mito criacional dessa tribo. Nessa estória, o céu era feito de carne e ficava muito próximo à terra. Conta a história konkomba que o primeiro homem recebeu a instrução do criador, Uwumbor,  para  que   cortasse carne do céu todos os dias, mas não mais do  que sua família iria precisar para um dia de subsistência. No entanto, um dia, ele retirou mais do que o necessário e houve sobras que apodreceram nos dias seguintes. Uwumbor, então, ficou muito desapontado e, como punição, afastou o céu a uma altura que o homem não mais pudesse alcançá-lo e impossibilitou que provisão de alimento fosse retirada dali. Fica fácil, então, compreender porque a ganância é considerada um dos erros mais repugnantes na cultura dos konkombas.
Permita-me também compartilhar a história de um amigo congolês que veio estudar no Brasil. Ele ganhou uma bolsa do Governo Brasileiro para cursar Engenharia Civil, uma vez que se destacou nos estudos em seu país. (Logo, não podemos dizer que ele é um ignorante acadêmico.) Chegando aqui, ele ouviu pela primeira vez a respeito da teoria da evolução. Perguntou aos seus colegas sobre o assunto, e esses lhe explicaram que se trata da teoria científica a qual defende que o homem evoluiu dos primatas. Sua resposta instantânea foi: “Só se VOCÊS vieram do macaco! Os meus pais são humanos!”. Seja lá quais forem os padrões culturais do Congo, o fato de as escolas não incluírem no currículo a teoria da evolução nos deixa a certeza de que ela em nada contribuiria para a construção dos valores de vida que norteiam a sociedade daquele país. 
Um exemplo extremo de como as crenças sobre a origem do homem moldam os padrões éticos de um povo pode ser visto na Alemanha nazista. O autor de From Darwin to Hittler, Dr. Richard Weikart, é muito seguro ao dizer que “Hittler pensava estar beneficiando a humanidade ao fazer avançar a evolução e ajudando a criar uma humanidade melhor”. E, assim, ele matava as pessoas “biologicamente inferiores”, tivessem elas defeitos físicos ou doenças mentais. O autor também afirma que o evolucionismo é a base da mentalidade que defende o aborto e a eutanásia. 
Importante destacarmos que toda a crença a respeito do início da vida está inserida na cosmovisão (visão de mundo) de um povo, formando com ela um todo do qual não pode se separar. O naturalismo humanista é a cosmovisão que está por de trás da teoria da evolução.
Quando falamos sobre evolucionismo, faz-se imprenscindível abordamos o naturalismo. Darwin, que rompeu com a fé de forma definitiva quando da morte de uma de suas filhas, era um filósofo naturalista. Na concepção do naturalismo, a realidade só pode ser explicada com embasamento material, ou aquilo que pode ser testado em laboratório – a matéria é tudo que existe e sempre existiu. A primeira célula viva é resultado de uma combinação química que evoluiu até chegar ao homem, que, por sua vez, simplesmente faz parte da história natural. Se existe um deus, ele se limita aos padrões deístas, que teria dado a configuração inicial ao universo e agora assiste de longe os acontecimentos. O resultado dessa visão de mundo naturalista é uma sociedade cética no que diz respeito ao transcendente ou sobrenatural, na qual as pessoas são extremamente focadas no aqui e agora. Afinal, não há nada depois da matéria, e não há Deus para o qual prestar contas. 
O humanismo é a outra base da cosmovisão que impulsiona a teoria da evolução. No humanismo, a humanidade está no centro. Tira-se Deus do trono do Universo e coloca-se o homem em seu lugar. No evolucionismo, o ser humano é o “animal” mais evoluído, e portanto, ele torna-se deus, digno de glória por sua conquista heroica de adaptação e de sobrevivência, e por ter alcançado, pelo esforço de milhões de anos da sua raça, o status de vida mais  complexa e inteligente do planeta. Ademais, as limitações humanas e os problemas desse mundo não são resultado do pecado, mas apenas de um ciclo de evolução que ainda não alcançou o padrão ideal. O sacrifício de Cristo no calvário não é necessário para redimir o homem de seus erros. O processo de evolução aperfeiçoará o ser humano e trará redenção de seus equívocos do passado.

De uma forma mais mística, o evolucionismo também apresenta muitas semelhanças com as crenças totemistas. Totemismo é um conjunto de idéias e práticas que tem como base a existência de um parentesco místico entre seres humanos e a natureza, como animais e plantas - que são os totens. O totem dos evolucionistas é o macaco. “O estudo do totemismo na antropologia cultural se dá a partir de uma percepção sócio-filosófica de clara interação entre o homem e natureza. Tal ligação é sentida e se passa no inconsciente do grupo”, diz  Ronaldo Lidório, que também afirma:

"Apesar do totemismo ser popularmente apresentado desta forma, a partir de uma união mística entre homem e natureza, seu conceito é bem mais amplo e creio que se dá a partir da cosmovisão de um grupo em relação à vida".  **

Depois desse longo (porém necessário) embasamento teórico, vamos finalmente falar sobre o título desse post: “o mito americano sobre a origem da vida”. A cultura americana é bem conhecida pela sua competitividade, valorização do esforço pessoal e a exaltação do mérito próprio. Se olharmos para esses princípios de vida, torna-se compreensível a veneração  dos americanos à crença de que o homem evoluiu do macaco, pois esse mito agrega os aspectos acima citados e cultivados por eles: aperfeiçoamento por esforço próprio em meio a um ambiente competitivo, onde chega-se ao topo por méritos pessoais. Não é à toa que a América pós-cristã apresente grande identificação com o evolucionismo e tenha vindo a conceber essa teoria como a estória mais plausível para a origem do homem. ***
Passamos a analisar outros aspectos sobressalentes da cultura norte-americana (positivos ou negativos), e traçar paralelos sobre como o mito da evolução influencia e embasa a mentalidade daquela sociedade, tornando seus ideais dignos de serem perseguidos, ou no mínimo, aceitáveis:

- Pragmatismo: O evolucionismo defende que as espécies sobrevivem e se desenvolvem por critérios puramente funcionais. O pragmatismo americano é conhecido no mundo todo por dar preferência a tudo que funciona de forma mais eficaz.
- Competitividade: Ser chamado de loser é uma grande ofensa para o americano. Uma vez que a vida na terra se explica pela sobrevivência do mais apto, não resta outra alternativa, exceto se tornar o melhor em tudo. Não se trata apenas de fazer bem feito, ser melhor é uma questão de sobrevivência. 
- Individualismo: Se a seleção natural se dá pela sobrevivência do mais apto, é melhor cada um cuidar de si da melhor maneira possível.
- Hedonismo: Como qualquer outro mito sobre a origem da vida, o evolucionismo tem impacto direto na ética e nos valores do povo que o toma como verdade. Ao adotarem a evolução como explicação para origem do homem, esvaziam-se os argumentos morais. Por que? Porque se o homem não foi diretamente criado com uma direção e propósitos, vale-se tirar dessa vida o máximo de prazer e alegria que ela pode proporcionar. Nada há de se dizer contra a superficialidade da busca incessante pelo prazer que é vista na cultura americana. Consumismo e materialismo, promiscuidade sexual, uso de drogas alucinógenas, wild parties, e outros hábitos e costumes bastante presentes naquela sociedade tornam-se aceitáveis e perdem seu aspecto pecaminoso, pois a ideia de pecado só faz sentido se cremos em um Deus que criou o homem com propósitos bem definidos.
- Sonho Americano: Uma vez que somos resultado da evolução da matéria, e não se pode conceber nada além do que é visível aos olhos, o ideal de se alcançar perfeição nessa vida tornou-se uma obsessão. O sonho americano nada mais é do que isso, a possibilidade de alcançar uma vida perfeita financeira e social neste mundo – somente neste mundo. Ser bem sucedido e reconhecido torna-se o fim principal.

Ainda que o evolucionismo seja uma teoria aceita nos meios científicos do mundo todo e tenha se popularizado pelo nome de um cientista britânico, tomo a liberdade de chamá-la de “o mito americano sobre a origem da vida”, pois nenhum outro povo se identifica tanto com as implicações éticas, morais e culturais dessa crença. De fato, é impressionante  como seus desdobramentos se encaixam perfeitamente nos ideiais e na cosmovisão daquela nação.  Assim, utilizando-se da academia científica, das universidades, da literatura e dos sets de filmagem de Hollywood, os americanos tornaram-se os maiores defensores e propagadores das ideias de Darwin.
Mais um pouco de tempo, e o evolucionismo será lembrado apenas como o mito que ganhou status de ciência em uma época que prevalecia no mundo os ideais de vida do império norte-americano, de um povo que sonhava em alcançar a terra da liberdade, "the home of the brave".
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*  Ronaldo Lidório é antropólogo, sociólogo, linguista, pastor e missionário Presbiteriano, autor do livro Antropologia Missionária -  obra que é fonte dos conceitos e das ideias aqui apresentadas de ligação entre as crenças sobre a origem da vida e os valores culturais de um povo. Como minha intenção não é produzir um artigo científico, vou me limitar somente a citar essa fonte geral. Recomendo a leitura da obra.
** Vale a pena também ler o artigo de Ronaldo Lidório no link abaixo para entender melhor as incríveis semelhanças entre totemismo e a teoria da evolução. Apenas subsitua magia por ciência e as figuras religiosas, tal como os xamãs , por cientistas. http://www.ronaldo.lidorio.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=134&Itemid=31
*** Podemos dizer que a única grande barreira que a crença no evolucionimo ainda encontra nos EUA  é a resistência dos cristãos conservadores, identificados como aqueles grupos cristãos que defendem a inerrância e suficiência das Escrituras e que buscam guiar suas vidas pelos padrões éticos-morais ensinados na Bíblia.




O Monte da Salvação


Olho para o monte
De onde me virá socorro?
Do Monte Sião chegaria
O reinado do Messias

De longe enxergo a cruz
Onde o Criador dos céus, terra e mar se entregou para reinar
Olho para o monte
E do Monte da Caveira, salvação eu passo a contemplar



* Na foto, o Gólgota: "E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota." João 19:17

A Completa e Perfeita Beleza da Pessoa de Cristo - Por Charles Spurgeon


Tu és mais formoso do que os filhos dos homens; a graça se derramou em teus lábios; por isso Deus te abençoou para sempre. Salmos 45:2

Toda a pessoa de Cristo é uma jóia, e toda sua vida é uma impressão do selo que segura juntas todas as coisas. Ele é totalmente completo, não somente em suas diversas partes, mas gracioso por inteiro. Seu caráter não é uma massa de cores misturadas de maneira confusa, nem uma pilha de pedras preciosas colocadas sem cuidado uma sobre a outra; Ele é uma figura de beleza e peitoral de glória. Nele, todas as “coisas de boa reputação” estão em seu devido lugar, e colaboram em adornar uma a outra. Nenhum dos aspectos em sua pessoa gloriosa atrai a atenção às custas uns dos outros; mas ele é perfeitamente e totalmente amável.
Oh, Jesus! Teu poder, tua graça, tua justiça, tua ternura, tua verdade, tua majestade, e tua imutabilidade formam esse homem, ou então, um Deus-Homem, que nem terra ou céus viram em qualquer outro lugar. Tua infância, tua eternidade, teus sofrimentos, teus triunfos, tua morte, e tua imortalidade, estão todas entrelaçadas em uma linda peça de tapeçaria, sem costura ou remendos. Tu és música sem desarmonia, tu és todas as coisas, e ainda não é diverso. Como todas as cores misturam-se em um arco-íris resplandecente, assim todas as glórias do céu e da terra encontram-se em ti, e unem-se tão maravilhosamente, que não há nada como tu em todas as coisas; não, se todas as virtudes do mais excelente fossem juntadas em um pacote, elas não seriam páreo para ti; Tu, espelho de toda perfeição. Tu foste ungido com o santo óleo e com mirra e cássia, os quais teu Deus reservou para ti somente; e pela tua fragrância, és como o santo perfume, o qual nenhum outro pode fazer, nem mesmo com arte de boticário; cada tempêro é fragrância, mas a combinação é divina. 

“Oh sagrada simetria! Oh, rara conexão
De muitas perfeições, para fazer uma perfeição!
Oh, música celestial, onde todas as partes se encontram
Em um doce esforço, para fazer um doce perfeito”

Meditação Matinal de 21 de Junho, do livro devocional Manhão e Noite, de Charles Spurgeon
Link para texto original, clique aqui.

Deus Deseja que Todos Se Salvem, e Concede Arrependimento a Alguns


Por John Piper l 12 de junho de 2012

Coloque os dois textos juntos, e veja o que você vê.

“Deus deseja que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade (eis epignōsin alētheias)” (1 Timóteo 2:4).

“Deus poderá, porventura, conceder-lhes arrependimento que conduz ao  conhecimento da verdade (eis epignōsin alētheias)” (2 Timóteo 2:25).

Aqui está o que eu vejo:

1.  Ainda que Deus deseje que todas as pessoas sejam salvas, ele “poderá, porventura,  conceder-lhes arrependimento.” O que eu penso significar que o desejo de Deus para que todos sejam salvos não o conduz a salvar todos. Deus tem desejos que não alcançam o nível da volição*. Esse desejos estão reprimidos por outras considerações – como sua sabedoria, que o guia a demonstrar sua glória da maneira mais plena. Ele tem suas razões de por que ele “possa, porventura (talvez), conceder arrependimento” para alguns pecadores, e não a outros. 

2. O “conhecimento da verdade” é um presente de Deus. Deus “concede [i.e., dá] arrependimento que conduz à verdade.”  Sem o dom do arrependimento, nós não conheceríamos a verdade. Evidentemente, isto é o que 1 Timóteo 2:4 também significa: Nós devemos ser “salvos e (assim) vir ao conhecimento da verdade.” Salvos de nossa própria cegueira para a verdade. 

3. Portanto, a verdade que Paulo tem em mente não é a verdade que o homem natural possa ver. Mas o homem natural pode ver muitas verdades. Dezenas de milhares de verdades estão abertas à mente natural. Que verdade o homem natural não pode ver? O homem natural não pode ver a glória de Cristo no Evangelho. “O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. ” (2 Coríntios 4:4).

4. Por isso é que Deus deve “conceder” o que for preciso para que se veja a verdade do Evangelho. Nós somos cegos a ela. E Satanás nos mantém nesse estado. Até Deus “conceder” arrependimento (metanóia) – a mudança de mente que pode ver e receber a verdade do Evangelho.

5. Portanto, nossas orações pelos incrédulos que amamos  e nosso evangelismo devem ser guiados por esta única esperança para a salvação deles: “Deus poderá, porventura, conceder-lhes arrependimento”. Desde que somente ele tem o poder de vencer a morte espiritual e a cegueira satânica, nós permanecemos em oração e  testemunhamos a verdade: “Deus poderá conceder arrependimento”. Essa é nossa única esperança.

Entáo, vamos seguir a Paulo: “Irmão, o desejo do meu coração e  minha oração a Deus por eles é que eles sejam salvos” (Romanos 10:1). E: “Fé vem por ouvir, e ouvir a palavra de Cristo”. (Romanos 10:17

* vo.li.ção - sf (lat volitione) 1 Psicol Processo pelo qual a pessoa adota uma linha de ação; atividade consciente que visa a um determinado fim manifestada por intenção e decisão. (Dicionário Michaelis)

Texto original, clique aqui


ARREPENDIDOS, MAS NÃO DEVASTADOS

Quanto mais tempo você estiver no ministério pastoral, mais você vai passar de ser um astronauta para ser um arqueólogo. Quando você é jovem, você está decolando  para mundos desconhecidos. Você tem todas as principais decisões de vida e ministério diante de você, e pode passar a maior parte do tempo avaliando seu potencial e considerando oportunidades. É um tempo de explorar e descobrir. É um tempo de ir onde você nunca esteve antes e fazer coisas que você nunca fez. É um tempo de começar a usar o seu treinamento e ganhar experiência.

Mas, à medida que você fica mais velho no ministério, você começa a olhar mais para trás do que para frente. E, enquanto você olha para trás, existe a tendência de desenterrar o monte da civilização que eram sua vida e seu ministério no passado, procurando por vestígios de cerâmica em pensamentos, desejos, escolhas, ações, palavras, decisões e relacionamentos. Você não consegue deixar de avaliar como você se saiu com o que lhe foi dado.

Agora, quem seria tão arrogante e audacioso ao ponto de olhar para trás em sua própria vida e ministério e dizer: “De todas as maneiras possíveis eu fui tão bom quanto era possível sê-lo”? Não seguraríamos todos alguns desses vestígios de cerâmica em nossas mãos e experimentaríamos, no mínimo, um pouco de arrependimento? Não desejaríamos todos que fosse possível apagar palavras que dissemos, decisões que fizemos, ou ações que tomamos?

Se você e eu estivermos dispostos a olhar humildemente e honestamete para nossas vidas, nós seremos forçados a concluir que somos seres humanos com defeitos. E, mesmo assim, não precisamos espancar-nos a nós mesmos. Não precisamos trabalhar para minimizar ou negar nossas falhas. Não precisamos ser defensivos quando nossas fraquezas são reveladas. Não temos que reescrever nossas histórias para parecermos “melhor na foto” do que aquilo que realmente fomos. Nós não temos que ficar paralisados pelo remorso e pelo arrependimento. Nós não temos que nos distrair com negócios ou nos drogarmos com substâncias.

Não é maravilhoso que todos podemos olhar para nossas falhas mais profundas e escuras e, ainda, não ter medo? Não é confortante que nós podemos encarar francamente os momentos dos quais nós mais nos arrependemos e não ficarmos devastados? Não é maravilhoso que nós podemos confessar que somos realmente pecadores, e não nos enchermos de medo ou cairmos em depressão?

Podemos fazer todas essas coisas porque, como Davi, nós temos aprendido que nossa esperança de vida não está na pureza de nosso caráter ou na perfeição de nossa performance. Nós podemos encarar o fato de que somos pecadores e descansar porque nós sabemos que Deus realmente existe e que ele é um Deus de:

Misericórdia,

Amor inabalável,

Porque Ele é, há esperança – esperança de perdão e

Novos começos.

Sim, nós realmente podemos reconhecer integralmente nosso pecado e nossas falhas e, ainda, não temer.

Artigo de Paul Tripp - professor de vida e cuidado pastorais no Redeemer Seminário, em Dallas, Texas. É também diretor executivo no Centro para Vida e Cuidado Pastorais em Fort Worth, Texas. Ver texto original em: http://thegospelcoalition.org/blogs/tgc/2012/04/30/regretful-but-not-devastated/

Evolucionistas, expliquem-me este pássaro... e vejam o que estão perdendo!!!


  Ano passado fiz parte de uma viagem missionária à capital da Etiópia, Adis Abeba, quando tive a felicidade de tirar a foto deste pássaro. Não sei como o chamam lá, muito menos o nome científico dessa espécie. Mas o que me chamou a atenção e me impulsionou a tirar essa fotografia foi a pinta vermelha em seu rosto. 
  Se há algum evolucionista lendo este texto, gostaria, por favor, que me dissesse como a teoria da evolução explica essa pinta vermelha. Expliquem-me a estética desse pássaro - a beleza e o prazer que ela nos proporciona. 
  A discussão entre criacionismo-evolucionismo é prolongada e pode-se tornar, muitas vezes, cansativa. A Palavra afirma que “Criou Deus os animais, cada um segundo a sua espécie”. A teoria da evolução diz que os animais evoluíram de uma célula primitiva que foi se aperfeiçoando para ser tornar mais apta à sobrevivência por um processo de seleção natural. No fundo, tudo não passa de um debate sobre a inerrância das escrituras. (Quem quiser se aprofundar sobre o tema, sugiro este vídeo sobre a origem da vida, de Adauto Lourenço: http://vimeo.com/24044315). 
  Por enquanto, prefiro voltar ao passarinho da Etiópia e sua pinta vermelha, e fazer só uma pergunta: qual a função desse belo detalhe? Geralmente, a cor vermelha aparece em animais que querem chamar a atenção para sua natureza peçonhenta – “não se aproximem, eu tenho veneno”.  Eu acho que não é esse o caso da mancha de nosso amiguinho etíope da foto. 
  Mas, afinal, por que este animalzinho tem um desenho tão rico e detalhado em suas cores? Vou explicar. 
  Houve um cara que viajou para um país distante, foi exposto a hábitos alimentares totalmente diferentes do seu, a uma água com bactérias que seu organismo não estava acostumado, e acabou ficando doente. Por dois dias não pode sair da casa em que estava hospedado. Ele melhorou, alimentou-se, ficou mais forte e foi de novo para seu trabalho. E quando ele saiu para o quintal, deparou-se com essa pequena ave da foto, e ficou impressionado com o perfeito passarinho azul com uma pinta vermelha no rosto. E esse cara que veio do outro lado do mundo regozijou-se na beleza que estava exposta bem a sua frente. E a ave, como uma vaidosa exibicionista, percebendo que estava sendo observada, não voou, mas deixou que fosse gravada a sua imagem. 
  Sobre o vermelho no rosto desse passarinho os evolucionistas vão escrever livros e livros e nunca vão conseguir explicar, pois a sua única função é a nossa alegria e adimiração - “for our own amusement”. Esse toque de poesia só pode ser explicado pela criação de um Artista criativo que nos ama tanto  que criou cada animal segundo a sua espécie para o seu louvor e para o nosso gozo.
  Os evolucionistas não podem se regozijar na obra de arte de um Deus que tem prazer em nosso bem-estar, porque pensam que tudo é fruto de transformações aleatórias. Nunca vão se deliciar na poesia do Criador, pois enxergam a vida como um protocolo burocrático de sobrevivência. 
  Desculpem-me o sarcasmo, mas essa pinta vermelha é realmente muito útil. Sim, ela é útil - e sua utilidade é  encher-nos de gozo e alegria com um Deus que se revela em cada detalhe artístico de sua criação. 
  Evolucionistas, expliquem-me este pássaro... e vejam o que estão perdendo. 

Nunc Demittis III - Para você, quem é Jesus?



“Quem vocês dizem que eu sou?”, perguntou o Senhor aos discípulos. Ao qual Pedro prontamente respondeu: “O Cristo de Deus”.
 E para você, caro leitor, quem é Jesus? A sua resposta a essa pergunta manifesta os pensamentos de seu coração, sua comunhão com o Pai, e, acima de tudo, o caminho que você está seguindo rumo à eternidade.
No último texto, falei um pouco sobre o cântico de Simeão, o Nunc Demittis. O qual é finalizado apontando que Jesus seria "posto para queda e levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição, a fim de que se manifestassem os pensamentos dos corações". A contradição que provocaria a queda seria esta: muitos [religiosos] declaravam-se conhecedores de Deus, mas não foram capazes de enxergar a Jesus como o Messias prometido.
De maneira objetiva, não importa o que teus lábios declaram, se você não reconhece a Jesus como o Cristo de Deus, ele será a tua queda. No entanto, serás levantado se, no momento que olhas para Cristo, em teu coração está a certeza de teres encontrado a salvação.
Jesus falou de si mesmo como sendo o filho unigênito, entregue por Deus, para “que todo aquele nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Disse, ainda: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”.
Por essas afirmações de Cristo a respeito de si mesmo, a pregação do Evangelho encontra muita resistência. Em nossa sociedade pós-moderna, ela é rotulada como exclusivista, desagregadora e intolerante. Como os Cristãos podem dizer que só Jesus é a verdade? Isso separa as pessoas que não tem a mesma opinião religisoa. Dizer que há uma verdade e um só caminho que leva o homem a Deus é uma forma de intolerância com outras religiões. O pós-modernismo e seu relativismo criaram enormes barreiras para a mensagem da Cruz. Porém, não temos escolha. Se Jesus é aquilo que ele afirma ser e demonstrou ser, feriremos nossa consciência se não nos levantarmos e gritarmos: “Hey, olhem para Jesus! A [única] verdade existe!”.
Não adianta crer que ele é um caminho, uma verdade, ou um tipo de vida. Jesus Cristo não pode ser apenas um bom homem que viveu e morreu. Ele não pode ser apenas um bom mestre, um profeta, ou um espírito elevado. Não! Não! Não! Ou ele é Deus, ou ele é um louco desvairado! Ele mesmo disse: “eu e o Pai somos um”,  “eu sou a verdade”. Se ele não é Deus, ele perde a credibilidade de tudo o mais que ele falou, porque ele afirmou ser Deus. Jesus é Deus.
E, ainda, muito importante, Ele é Senhor. As escrituras nos dizem que “todo o joelho se dobrará e toda a língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor”. Veja, mais uma vez, ele é o Senhor; de novo, não “um senhor”. Ele não divide seu senhorio com nada ou ninguém.
Jesus é o Verbo que se fez carne.  O verbo estava com Deus desde o princípio, e o verbo era Deus. O Criador se manifestou em Cristo; não em Buda, Brahma, Iemanjá, ou qualquer outra deidade. Jesus é Deus. 
Jesus é o nome sobre todo o nome. Dele, por Ele e para Ele foram feitas todas as coisas.
Para você, quem é Jesus? A sua resposta irá manifestar os pensamentos de seu coração. Você crê que Ele ó Cristo, o Messias prometido? Você crê que Jesus é o único caminho, a verdade e vida? Você crê que não há outro nome além do nome de Jesus? Você crê que Deus o ressuscitou dentre os mortos?
 A sociedade pós-moderna sempre dirá que esta é uma pregação radical. E ela está certa. Essa pregação é extremamente radical - vai na raiz de nossos corações, ao ponto de definir a nossa eternidade. Paulo falou aos Romanos (10:9):  “Se com tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou entre os mortos, serás salvo”. É isso.

Nunc Demittis II

No último post falei sobre o Cântico de Simeão (Nunc Demittis - Agora, Senhor), o qual dentre outras coisas, afirma ser Jesus a Salvação, e que Ele foi posto como alvo de contradição. A reação à pessoa de Jesus manifesta os verdadeiros pensamentos do coração do homem, contrariando, muitas vezes a moral que ele vive ou as confissões de seus lábios.

Falando sobre missões, Paul Washer complementa bem a idéia acima:

Nunc Demittis

Esse é o nome pelo qual é frequentemente chamado o cântico de Simeão, devido às palavras em latim com que ele começa: “Agora, Senhor...”.[i] Lucas nos diz que esse era um homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel, e que o Espírito Santo estava sobre ele.[ii] Vamos ler o cântico em sua integra, conforme Lucas 2:29-35:

Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois os meus olhos já viram a tua salvação, a qual tu preparaste ante a face de todos os povos; luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel. Enquanto isso, seu pai e sua mãe se admiravam das coisas que deles se diziam. E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição, sim, (e uma espada traspassará a tua própria alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.

Lucas nos diz que o Espírito Santo revelara a Simeão que este não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor. Também foi ele foi movido ao Templo pelo mesmo Espírito.[iii] Não resta dúvidas que este era um homem que andava com Deus. Isso é visto na intensidade em que almejava a vinda do Messias, bem como na maneira direta que o Espírito lhe direcionava.

O Nunc Demittis, além de demonstrar a intimidade de Simeão com Deus, é uma grande exposição do poder de salvação, revelação e manifestação de pensamentos dos corações centradas na pessoa de Cristo, bem como da glória concedida ao povo de Israel.

Vamos tratar desses quatro tópicos em destaque.

Ao chegar ao templo e ver José e Maria com a criança, Simeão a tomou nos braços e louvou. Os seus olhos haviam visto a SALVAÇÃO, preparada para todos os povos. A salvação sobre a qual ele exulta é o próprio menino que segurava em seus braços, Jesus Cristo. Esse então infante, mais tarde, falou sobre si mesmo: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”[iv]. Não há salvação fora de Cristo, e Simeão conhecia esta verdade.

Jesus Cristo é também a LUZ PARA REVELAÇÃO AOS GENTIOS. Veja o que diz o comentário da Bíblia de Barnes:

Nos profetas, os gentios são representados sentados na escuridão, isto é, em ignorância e pecado. Cristo é luz para eles, pois por Ele, eles conhecerão o caráter do verdadeiro Deus, sua lei, e seu plano de redenção. Assim como a escuridão se dissipa quando o sol se ergue, o erro e a ignorância vão embora quando Jesus traz luz à mente. Nações virão para a sua luz, e reis para o brilho que nasceu, Isaías 60:3. [v]

Sem luz, o sentido da visão é inútil, não sabemos o que está ao nosso redor. Quando completa o seu ministério na cruz, Jesus mostra que o homem é incapaz de se reaproximar de Deus por esforço próprio e nos traz luz sobre o que ele significou quando disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”.

Em Jesus está revelada também a GLÓRIA DE ISRAEL.

Eu sou brasileiro. Tenho orgulho da Amazônia, maior floresta tropical do mundo, e das Cataratas do Iguaçu, maiores quedas da água da Terra. Uma das novas sete maravilhas do mundo, o Cristo Redentor, está no Rio de Janeiro, considerada uma das cidades mais belas do planeta. Gosto de ter, no meu próprio país, outras belezas naturais, como, por exemplo, o nosso lindo e extenso litoral. Glorio-me em ter a seleção de futebol mais vezes campeã mundial, e ter como compatriota Pelé, o melhor futebolista de toda a história.

Agora, imagine o júbilo do Judeu que crê em Cristo. Veja que grande glória: Jesus é Judeu! A salvação da humanidade, o próprio Deus encarnado, é compatriota dos Israelitas. Se eu fosse Judeu messiânico, eu iria me referir a isso com muita alegria o tempo todo: “O Criador se fez carne como um dos meus... O salvador de todos os homens é meu compatriota”. Maravilhoso demais!!! Mesmo não sendo Judeu, me alegro pela bem-aventurança desse povo[vi].

Por último, Nunc Demittis fala de Jesus como alvo de contradição, PARA QUE SE MANIFESTEM O PENSAMENTO DOS CORAÇÕES. Veja que interessante. O autor da carta aos Hebreus no diz que “a palavra de Deus é viva e eficaz, mais cortante que espada de dois gumes... apta para discernir os pensamentos e intenções do coração[vii]. Por sua vez, o Evangelho de João nos diz que Jesus é “a palavra que se fez carne e habitou entre nós”. Logo, Jesus é a Palavra viva e eficaz que discerne e manifesta o que realmente está em nosso íntimo.

Não se está falando dos pensamentos da mente, que podem até mesmo se expressar de maneira a esconder nossas intenções. Mas a Palavra, leia-se Jesus, manifesta o que está no mais profundo daquilo que somos, do que nos desperta sentimentos, desejos, e dirige nossas intenções: os pensamentos do coração.

Jesus é sempre alvo de contradição. Pregar a Cristo nunca é algo pacífico. Ninguém consegue ficar indiferente a esta pregação: ou as pessoas se sentem ofendidas, ou são tomadas por um estado de júbilo. Através dela, você desperta oposição ou amor e obediência. No entanto, Jesus é categórico: “Bem-aventurado é aquele que em mim não se escandalizar”[viii].

Somente a Palavra encarnada é capaz de revelar o que está no âmago de nosso ser. E o que está no âmago de nosso ser? Simplesmente aquilo que há de mais importante e poderoso para dirigir as nossas vidas. E nisso está o alvo de contradição: Independente daquilo que falamos ou construímos em nossos raciocínios a respeito de Deus, aquilo que pensamos de Cristo é o que manifesta as intenções de nossos corações em relação ao Criador. Os religiosos auto proclamam-se conhecedores de Deus, mas foram estes (fariseus, escribas e mestres da lei) que negaram, perseguiram e mataram a Cristo, pois nunca acreditaram ser Ele o Messias, o filho de Deus, o Criador encarnado.

Paul Washer, em uma de suas pregações[ix], afirma que aquilo que nós pensamos e sentimos em relação a Cristo é definidor de nossa eternindade: “A grande questão no dia em que estiveres face a face com o Criador será: `O que você pensa de Cristo? O que você fez com ele?... e naquele dia você saberá o que é verdadeiramente real... alguns de vocês se regozijarão, mas outros irão perceber que viveram para a coisa errada”.

“Quem as multidões dizem que eu sou?”, perguntou o Senhor aos seus discípulos. Ao qual eles responderam: “João Batista. Outros dizem, Elias, e outros, que um dos profetas antigos que ressurgiu”. Jesus não estava muito interessado em saber o que a sociedade pensava dele, mas essa primeira pergunta não passava de um meio de fazer os doze pensarem melhor sobre como essa questão pode ser definidora de suas identidades. Em seguida, então, ele perguntou: “E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?”. E Pedro exclamou: “O Cristo de Deus!”.

Enfim, quem é Jesus? A minha resposta para esta pergunta é o que irá manifestar os pensamentos de meu coração e definir quem eu realmente sou perante Deus.

Para mim e para você, não importa o que a multidão pensa. Não importa nem mesmo o que Pedro pensa, pois essa é uma resposta pessoal e intransferível. A mais da verdade, nem mesmo o que a sua boca expressa irá importar, se suas palavras não são fiéis ao que está em teu coração, “porque, se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo[x]”. São os pensamentos do teu coração acerca de Cristo que definirão quem você é. A Palavra encarnada será sempre alvo de contradição se não houver em tuas palavras fidelidade ao que pensa o teu coração.

Lembremos que o estado natural do coração humano é odiar a Deus, pois todos pecaram, e se fizeram inimigos de Deus. Por isso, Paulo no afirma que “ninguém pode dizer Jesus é Senhor, a não ser pelo Espírito Santo[xi]. Nisso está a beleza do Evangelho, que consiste naquilo que Deus fez por nós, e não naquilo que fizemos, fazemos ou deixamos de fazer. Apesar de sermos naturalmente endurecidos contra Deus, é Ele mesmo que tem o poder de quebrar a nossa dureza e nos dar um novo coração de carne, macio e receptivo à sua palavra[xii]. O Espírito aponta para Cristo e faz uma obra regeneradora em nossas vidas. Dele dependemos para termos revelação plena da pessoa de Cristo.

Nunc Demittis, agora Senhor, levanta-nos ao manifestar o pensamento de nossos corações. Faça-os totalmente favoráveis à pessoa de teu filho Jesus.



[i] Bíblia de Genebra.

[ii] Lucas 2:25.

[iii] Lucas 2:26 e 27

[iv] João 3:16

[v] The Gentiles are represented as sitting in darkness that is, in ignorance and sin. Christ is a "light" to them, as by him they will be made acquainted with the character of the true God, his law, and the plan of redemption. As the darkness rolls away when the sun arises, so ignorance and error flee away when Jesus gives light to the mind. Nations shall come to his light, and kings to the brightness of his rising, Isaiah 60:3.

[vi] Olhar para Israel com carinho é obrigação de todo Cristão, e aqueles que não o fazem estão demonstrando um coração endurecido à própria pessoa de Cristo.

[vii] Hebreus 4:12

[viii] Lucas 7:23 – Na tradução em Inglês se usa ofender ao invés de escandalizar: "Blessed is the one who is not offended by me". Jesus, the Christ (Luke 7:23). English Standard Version

[x] Romanos 10:9

[xi] I Coríntios 12:3

[xii] Ezequiel 11:19

Isaías 63:1 - Poderoso para salvar.

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Pelas palavras “para salvar”, nós entendemos o todo da grande obra de Deus para salvar, desde o primeiro desejo santo até a completa santificação. As palavras são multum in parro (muito em pouco): de fato, aqui está toda a misericórdia em uma palavra. Cristo não é somente “poderoso para salvar” aqueles que se arrependem, mas é capaz de fazer homens se arrependerem. Ele irá levar aqueles que acreditam para o céu; mas ele é, acima de tudo poderoso para dar aos homens um novo coração e trabalhar neles a fé. Ele é poderoso para fazer o homem que odeia a santidade amá-la, e constranger o que despreza o seu nome a se prostrar de joelhos perante ele.

Não, esse não é todo o significado, pois o poder divino é igualmente visto no pós-obra. A vida de um crente é uma série de milagres forjados pelo “poderoso Deus”. A sarça queima, mas não é consumida. Ele é poderoso para manter seu santo povo depois de tê-los tornado santos, e para preservá-los em seu temor e amor até consumar sua existência espiritual nos céus.

O poder de Deus não está em fazer que alguém creia e então deixá-lo mover-se por si só; mas ele que começa a boa obra, a leva até o fim; ele que cria o primeiro germe de vida na alma morta, prolonga a existência divina, e a fortalece até rebentar toda a prisão do pecado - e a alma salta desta terra, aperfeiçoada em glória.

Crente, aqui está encorajamento. Você está orando por alguém querido? Oh, não desista de tuas orações, pois Cristo é poderoso para salvar. Você não tem poder para recuperar o rebelde, mas o teu Senhor é Todo-Poderoso. Segure-se nesse braço forte, e levante-se para ir avante nesta força. O teu caso te causa angústia? Não temas, pois a força de Deus te é suficiente .

Seja para começar em outros, ou para continuar a obra em ti, Jesus é “poderoso para salvar”; a maior prova dessa afirmação está no fato de que ele te salvou.

Mil misericórdias que você não o encontrou poderoso para destruir.

[Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus". Filipenses 1:6]

Extraído do Devocional Morning and Evening, de Charles H. Spurgeon].