Por que nossa Igreja adotou uma Escola


Servir a nossa vizinhança e abençoar a nossa comunidade tem um papel no evangelismo, ou é uma distração-desperdício de tempo e recurso? 

Para ser claro, Jesus estabeleceu a missão da Igreja em Atos 1:8: “Vocês serão minhas testemunhas”. Testemunhas tem uma mensagem para passar. O foco do nosso ministério, portanto, não é o que fazemos para este mundo, mas o que Jesus fez por ele. Perder isso de vista é perder o próprio evangelho de vista. No entanto, um testemunho convincente geralmente requer demonstrações tangíveis do poder que está sendo testemunhado. Jesus e os apóstolos davam sinais do evangelho como uma parte constante de sua pregação. Estes sinais eram mais que truques mágicos que  inspiravam admiração; eram “milagres com uma mensagem”. Da mesma maneira, nosso humilde espírito, nossa conduta gentil, e nossa generosidade extravagante devem todas apontar para o poder redentor e transformador do evangelho, levando os observadores a perguntarem “por que?”. O apóstolo Pedro chamou a atenção de seus leitores para se adornarem do evangelho pelas suas condutas a tal extensão que levasse seus observadores a se indagarem sobre a causa (1 Pe 2:12-3:17). 

Convicção
Em 2004, Deus convenceu nossa Igreja que não estávamos demonstrando a generosidade do Evangelho para a nossa comunidade. Eu estava ensinando o livro de Atos, e chegamos a Atos 8:6-8: “As multidões prestavam atenção com uma mente ao que Filipe dizia, enquanto ouviam e viam sinais que eles estavam fazendo... e como resultado havia muita alegria naquela cidade”. Então eu perguntei a nossa Igreja se havia “muita alegria” naquela cidade por causa de nossa presença. 
Li a história em Atos 9 acerca de Tabita, que tinha o apelido mais forte de todo o Novo Testamento, “Dorcas”. Ela tinha tantas boas obras e atos de caridade que quando ela morreu, um grupo de viúvas se reuniu ao lado de seu leito e pranteou. “Se a Igreja Summit morresse”, perguntei eu, “as pessoas necessitadas chorariam a nossa ida?”. 
Nós acreditamos que a resposta para estas perguntas era não. No máximo, nossa comunidade poderia ficar feliz porque reganhariam acesso a nossa propriedade livre de impostos e teriam menos um cartão de convite de Páscoa enchendo suas caixas de correio. 
Nós resolvemos que com a ajuda de Deus nos tornaríamos uma benção para nossa cidade – demonstrar o amor de Cristo para eles, trazer cura aos lugares em nossa cidade que mais precisavam.

Oportunidade
Logo depois, Deus chamou nossa atenção para uma escola pública fundamental que estava com  desempenho muito baixo. Era a escola  com pior posicionamento no ranking de nosso condado e estava prestes a ser fechada nos próximos dois anos. 
Durante os anos seguintes, nós conduzimos muitos projetos inovadores para aquela escola. Muitos começaram a serem tutores daquelas crianças. Grupos pequenos adotaram salas de aula, professores e refugiados, e encontraram as necessidades físicas de famílias na escola. Um casal que logo iria se casar em nossa igreja pediu que qualquer presente fosse redirecionado para uma família na escola cuja casa havia sido destruída num incêndio. 
À medida que aquele primeiro ano chegava ao fim, o Diretor perguntou se nós poderíamos orar pelas crianças durante os exames de fim de ano porque nossa escola seria avaliada principalmente pelas notas. Nós alegremente aceitamos. 
Lá pelo quarto ano de nosso envolvimento, a escola teve a mais alta porcentagem de crianças que passaram nos seus exames de final de ano de qualquer escola em nosso condado. E o diretor oficialmente creditou os esforços da igreja para melhorar a performance acadêmica da escola. 
No jantar de mestres, um dos professores disse: “Eu sempre soube que Cristãos acreditavam que se deve amar o próximo, mas eu nunca tinha visto como isso se parece até agora”. 

Frutos
Em 2010 eu fui convidado a falar no rally anual de nossa cidade. Foi um evento televisionado, e todas as autoridades da cidade e do condado estavam lá. Eles simplesmente me pediram para explicar por que nós pensamos ser importante amar a nossa comunidade.
Antes de o programa começar, eu fiquei de pé no backstage tão nervoso como Joel Osteen ficaria no “Together for the Gospel”. O administrador do condado, sentindo minha ansiedade, colocou as mãos em meus ombros e disse: “J.D., você sabe por que pediram que você falasse hoje”? Eu disse “Não, e se você pudesse me contar, ficaria muito agradecido, porque eu estou super nervoso”. Ele disse: “Todo lugar em nossa cidade em que nós vemos necessitados também encontramos  pessoas da Igreja Summit indo de encontro às necessidades. Não poderíamos pensar em uma maneira melhor de encorporar o espírito de irmandade em nossa cidade que tendo vocês da Igreja Summit aqui consoco”. 

Substanciando a mensagem pregada, não entenda mal: palavras do evangelho e obras do evangelho nem sempre provocam aplausos. Na maior parte do tempo, de fato, produzem exatamente o oposto. Jesus prometeu  que teríamos encrencas neste mundo por segui-lo. Ainda, há uma lição simples aqui: obras conduzidas pelo Evangelho cooperam de forma prática com a mensagem pregada
Elas a fazem visível e compreensível. Geram sedem pela mensagem. Nossa generosidade nos provê  com uma oportunidade de pregar o Evangelho.

Nossa bondade para as pessoas da cidade é, claro, apenas uma sombra da grande bondade de Jesus por nós. Mas nós acreditamos que temos ajudado pessoas em  nossa cidade  a entenderem mais como é Jesus. Essas ações tem ajudado a gerar mais fome pelo Evangelho.

A obra da igreja local é proclamar o Evangelho e fazer discípulos. Mas o testemunho eficaz dos Cristãos deve conter tanto palavras como feitos. Sem palavra, não há Evangelho. Sem obras, falhamos em confirmar nosso testemunho com nossas vidas. Como Francis Shaeffer famosamente disse, o amor demonstrado dentro e pela Igreja de Cristo é a “defesa final da fé” para um mundo cético.

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J.D Greear é o pastor principal da Igreja Summit em Durham, Carolina do Norte. Ele é autor de “Quebrando o Código Islâmico” e “Evangelho”.

Artigo original em www.thegospelcoalition.org.