ESCOLHIDOS PARA SERMOS SANTOS

“..., assim como nos escolheu, nele [em Cristo], antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele.” Ef. 1:4

O versículo acima nos fala que fomos escolhidos em Cristo para sermos santos. Antes de começarmos a tratar de santidade nas diferentes áreas de nossas vidas (afetiva, social, financeira, etc), precisamos saber o que a Palavra de Deus está nos ensinando quando diz que fomos escolhidos para sermos santos. Como Lutero ensina em sua obra Liberdade Cristã: “Boas obras não fazem um homem justo e bom, mas um homem justo e bom faz boas obras”. Da mesma maneira, é verdade falar que uma lista de permissões e proibições não faz de nenhum homem um santo, mas um homem santo sabe aquilo que deve fazer e deixar de fazer.

1. ESCOLHIDOS

Jesus, de forma clara e sucinta, nos diz: “Não foste vós que me escolheste, pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15:16). A Bíblia transmite essa realidade em vários textos do novo e do velho testamento: Deus escolheu Abraão (Gn. 18:19), escolheu o povo de Israel (Dt. 14:2), escolheu a Igreja (Jo 17:2,6,9 e 24), e nos escolheu individualmente para formarmos a Igreja (Mt. 22:14).

Não é difícil aceitar o que a Palavra fala sobre predestinação quando conhecemos um pouco do que a Bíblia ensina a respeito de Deus e a respeito de nós mesmos. Deus é soberano. O homem, por sua vez, é pecador, totalmente depravado (significando que todas as áreas de sua vida foram afetadas pelo pecado) e tornou-se inimigo de Deus. Se Jesus tivesse morrido para fazer uma oferta de salvação à humanidade, ninguém seria salvo, pois o homem natural não quer a Deus. O plano da cruz é suficientemente eficaz para assegurar salvação dos santos, cujas vidas são regeneradas pelo Espírito Santo, mediante obra exclusiva do Senhor.

Se Deus abrisse hoje a porta do inferno e dissesse ao homens condenados que poderiam sair, conquanto se curvassem diante de Cristo, todos ficariam ali. Apocalipse 16:10 e 11 nos mostra isso ao derramar dos flagelos: “E por causa das suas dores, e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu; e não se arrependeram das suas obras”. Veja que eles sabiam que havia um Deus dos Céus, sabiam que os flagelos vinham de Sua parte, portanto cientes estavam que esse Deus era quem poderia lhes tirar daquela situação de terrível tormento e dor. Mesmo assim não se arrependiam, não pediam perdão por suas obras, não clamavam por misericórdia e não se curvavam.

Assim, Deus, em sua infinita bondade e amor, olhando para a humanidade que caminha convicta para a perdição, escolhe alguns para serem santos, a fim de se tornarem vasos de misericórdia para a Sua glória. (RM 9:14-23).

2. PARA SERMOS SANTOS

A Bíblia nos fala que esta é a vontade de Deus, a nossa SANTIFICAÇÃO (I Ts 4:8). Mas o que significa ser santo?

No Antigo Testamento a palavra santo é usada para descrever coisas separadas. Deus separou o sábado para ser o seu dia e para ser dia do descanso (Ex. 20:8-11). Deus separou o templo e os filhos de Arão para o serviço do Senhor (Ex 29:44). Deus separou Israel para ser seu povo (Ex 33:16).

Ser Cristão é também ser um pequeno Cristo. É nesse aspecto que o Novo Testamento trata a santidade dos eleitos. Santidade significa ser semelhante a Cristo. I Pedro 1:15,16 afirma: “segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo”.

Dizemos que um filho puxou ao pai quando é parecido com ele, e não somente em traços físicos, mas também no agir e nas atitudes. Por isso, ser santo, semelhante a Cristo, implica em agir como Ele age, andar como Ele anda, pensar como Ele pensa. Em outras palavras, ser santo é desenvolver o caráter e a mente de Jesus.

Ao lavar os pés de Seus discípulos, Jesus disse: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13:15). Nesse texto o Senhor está dando uma lição de serviço e humildade. Porém, essa instrução de fazer conforme ele fez deve ser lembrada em todas as nossas ações, a fim de termos o nosso caráter moldado segundo o Seu próprio. Jesus era submisso, manso, humilde, amoroso, entre outras qualidades (Mt 11.29; Jo 15.9; Fp 2.8). Seu caráter é o padrão que todos os crentes devem seguir.

A carta de Paulo aos Romanos (cap. 12, v. 2) diz: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Transformar a nossa mente conforme a mente de Cristo é causa e efeito de colocar a santidade em prática, pois isso nos impulsiona a sermos como Ele é.

Quando temos a mente de Cristo, não precisamos nos preocupar em ficar toda hora debatendo sobre o certo e o errado, pois a mentalidade de Cristo estará naturalmente intrínseca em nossas atitudes. Agiremos como Cristo age; alegraremo-nos com o que Cristo se alegra; aquilo que o entristece nos entristecerá; pensaremos como Cristo pensa.

Ninguém precisa ensinar um cachorrinho a latir, nem proibi-lo de pular de lugares altos. São coisas naturais do cachorro: ele late porque é cachorro, e não pula de certas alturas porque sabe que não pode voar e se o fizer vai se machucar.

Tente definir a santidade em ideais, regras e normas de conduta, e você chegará a algo muito diferente daquilo que as escrituras ensinam sobre ser Cristão. Uma lista de condutas tem uma utilidade muito limitada para nós, uma vez que somos pequenos cristos e a mentalidade de Jesus (sobre)naturalmente dirige nossas atitudes, escolhas e atitudes. Ter a mente de Cristo é estar ao Seu lado, ver as coisas da perspectiva que Ele as vê, pensar da maneira que ele pensa, desenvolvendo assim, o Seu caráter em nós.

Quando renovamos a nossa mente conforme ao de nosso Mestre, experimentaremos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. A Palavra nos promete: “Agrada-te do Senhor e ele satisfará os desejos do teu coração” (Sl 37:4). Renovar a mente em Cristo muda nossa maneira de pensar, nossos sonhos e nossas vidas, a fim de desejarmos o que Ele deseja e alcançarmos, assim, a plena satisfação de nossos anseios.

Assim, a santidade se estende a todas as áreas de nossa vida quando somos semelhantes a Cristo, em seu caráter e em sua mente.

Glórias ao nome de Jesus, pois nEle fomos escolhidos para sermos santos. NEle somos feitos novas criaturas. NEle somos regenerados, trazidos do reino das trevas para Sua maravilhosa luz. Não somos mais nós que vivemos, mas Cristo vive em nós. Jesus morreu pelos nossos pecados. Somente por Sua obra redentora na cruz podemos ser santos. “Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas” (Hb 10:10).

Jesus é a causa e a razão de sermos santos e vivermos em santidade! Aleluia!!!